O Dreamgirls brasileiro é bem melhor do que a biografia musical norte-americana. Em Antonia, a trajetória é menor, o sucesso do grupo equivalente a essa trajetória, mas, em se tratando de composição dramática, o filme funciona muito mais. Mesmo com quatro estreantes no cinema, Tata Amaral conseguiu arrancar belas interpretações de suas atrizes, com destaque para Negra Li e, sobretudo, Leilah Moreno, que tem cena excepcionais.

A diretora usa bem câmera na mão, tentando dar conta das personagens por inteiro e desenhá-las de forma mais clara sem aprisionar as personagens em estereótipos. E, olha, é difícil saber dar essa textura de forma correta ao movimento de câmera. O que é mais interessante no filme é como Tata Amaral consegue, ao invadir às vidas dessas quatro mulheres, fazer um recorte de múltiplas dimensões da vida na periferia da cidade grande. Há a violência, há o sofrimento, mas Tata os olha como investigadora e não julga ou condena ninguém. Seu interesse é muito mais humanista.

Aqui, ao contrário de Dreamgirls, a música tem uma função muito mais definida: ele não é apenas um instrumento de mudança, de reabilitação social, o hip hop, muito mais do que qualquer vertente da dita black music, evoca o mundo imediato daquelas quatro meninas, mundo que tem rimas imediatas, às óbvias e até pobres, mas que é genuíno exatamente por isso. E é exatamente por isso que Antonia é tão melhor do que muitos filmes brasileiros (ou estrangeiros) que se dispõem a fazer uma leitura (musical) de uma ou mais vidas: ele parece de verdade. A participação de Thaíde é um brinde.

Antonia EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Antonia, Tata Amaral, 2006]

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