Werner Herzog

Werner Herzog é um incansável. Sua Caverna dos Sonhos Esquecidos é belo documentário sobre um dos sítios onde estão algumas das mais antigas pinturas rupestres do mundo. O History Channel não faria melhor. A caverna é impressionante. Aliás, os desenhos são impressionantes, com técnicas avançadíssimas de representação de sombras e movimentos, traços que muitas vezes se assemelhama ao de gravuristas contemporâneos. O grande destaque da exibição do filme em 3D é como isso ressalta o uso que os ‘artistas’ faziam do relevo da própria caverna para dar melodia aos desenhos. Não é a maior experiência em 3D do planeta, mas faz o filme funcionar de uma outra maneira.

O ponto contrário é que Herzog enche de poesia sua visita à caverna, que é proibida para quem não é do grupo de estudiosos que tentam decifrar seus mistérios. Enche de poesia o que já tem poesia naturalmente. E essa ‘poesia’, às vezes, passa do ponto porque muitas vezes não é uma série de truques bobos, para emocionar. Há perguntas retóricas como “de quem são essas batidas de coração?” ou “quais eram os sonhos dessas pessoas?”. Outras vezes, recorre a imagens míticas para ganhar simpatia, como quando a história de um suposto Mogli. O diretor dá seus golpes: o filme parte da caverna, mas dá um passeio pela região, por outras regiões e até outros países e museus.

Mesmo assim, as imagens que ele resgata de dentro da caverna valem passar por qualquer exagero. A visita é belíssima. Só não é o melhor filme da Mostra. E o melhor uso de 3D da história? O prêmio ainda vai para Avatar, de James Cameron.

Caverna dos Sonhos Esquecidos EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Cave of Forgotten Dreams, Werner Herzog, 2011]

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