Curtindo a Vida Adoidado

Madrugada fria em São Paulo. O cobertor como melhor amigo e uma porção de filmes para escolher. Terminei decidindo por Curtindo a Vida Adoidado, o maior clássico de John Hughes que havia visto muito tempo atrás, mas que terminei colocando em primeiro lugar na lista das melhores sessões da tarde da minha vida. Deu até um certo medinho. A maioria dos filmes (de que gostava muito) que tenho revisto caíram bastante no meu conceito. Este aqui poderia ter o mesmo destino. Quando levou às telas “o dia de folga” de Ferris Bueller, Gatinhas e Gatões, Mulher Nota Mil e, principalmente, o genial O Clube dos Cinco ajudaram a escrever o nome de Hughes em Hollywood e a torná-lo o número 1 do cinema adolescente.

Confesso que a interpretação de Matthew Broderick me pareceu menos genial. Embora ainda seja uma performance adorável, de um sarcasmo invejável, seu Ferris Bueller perde muito sem o quesito novidade. O que ainda fica é o espírito livre e de liderança do personagem, que o tornam irrestível para seus coadjuvantes e para o espectador, que é convidado a se tornar um cúmplice do protagonista. Continua ousado colocar o personagem para interagir com quem assiste. E Matthew domina muito bem a transição entre a história do filme e a metalinguagem. John Hughes habilmente abre seu filme logo na primeira sequência, com Ferris Bueller conversando com a tela.

Essa revisão serviu para desfazer alguns mitos: Mia Sara, linda, é nada mais do que uma escada para Broderick. A melhor atriz em cena é Jennifer Grey, que um ano antes de virar uma megaestrela com Dirty Dancing, está impagável como a irmã que odeia Ferris. Do lado masculino, Jeffrey Jones continua grande. Seu rival/vilão se aproxima bastante dos rivais/vilões de cartoons, mas foi a interpretação de Alan Ruck que me surpreendeu. Mais do que um personagem de apoio, Ruck, numa performance sensível, compõe um jovem complexo, que vive à sombra do melhor amigo enquanto tenta administrar suas fragilidades. É a grande interpretação do filme.

Se os anos 80 foram marcados pelo comodismo, como se prega por aí, Hughes soube, em Curtindo a Vida Adoidado, revolucionar pela segunda vez o cinema adolescente, que ele mesmo havia ajudado a revolucionar dois anos antes. É um filme leve, mas inteligente; ousado, mas familiar; ingênuo, mas irônico. Um filme que se comunica com qualquer um sem ser qualquer filme. Um clássico que me aqueceu numa madrugada fria em São Paulo.

Curtindo a Vida Adoidado EstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Ferris Bueller’s Day Off, Johh Hughes, 1986]

Comentários

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15 comentários sobre “Curtindo a Vida Adoidado”

  1. esse foi o melhor filme que já vi.é tudo de bom,muito haver comigo…
    maravilhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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