Vamos dizer que eu esteja realmente cansado destas biografias de astros da música pop (e aqui entenda-se pop no sentido global) que, para parecerem francas e verdadeiras, se limitam a mostrar as tragédias particulares de seus protagonistas envolvendo drogas e escândalo. A música, justamente o que deveria ser o carro-chefe de um filme como Johnny & June tem função meramente ilustrativa. Como o meia-boca Ray, do qual é um primo-irmão, o filme de James Mangold é careta e extremamente burocrático.

Não digo que é de todo mal ver cenas com encontros de Cash com Jerry Lee Lewis, Waylon Jennings, Roy Orbison ou The Pelvis, mas o onde está Wally? para achar os cantores famosos não é suficiente para dar consistência ao longa, que delimita a trajetória de Cash pelo lado menos interessante, o do cotidiano familiar. O recorte na conquista romântica que levou anos foi um golpe para atingir um público que quer a “historinha”. Ele funciona apenas por méritos dos atores. As interpretações têm belos momentos, embora as molduras impostas pelo roteiro não permitam muito espaço para que a dupla crie. No entanto, Reese Whitterspoon está notável, sobretudo nas primeiras cenas. Já Joaquin Phoenix, embora sempre correto, só consegue estar pleno quando solta a voz. Por sinal, uma bela voz.

Johnny & June EstrelinhaEstrelinha½
[Walk the Line, James Mangold, 2005]

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16 comentários sobre “Johnny & June”

  1. O título nacional é bem honesto, mas o original – Walk the Line – é muito mais. O filme e o próprio Cash “andam na linha”, foram correta e assepticamente embalados pr’aquela sessão das 16h do sábado no shopping. Johnny Cash, PG-13: brilhante idéia.

  2. huahahaha! tá bom.

    lip synch: a famosa “dublagem”. o jamie foxx abria a boca e movia os lábios, mas não cantou uma nota que seja. já o joaquin mostrou sua (bela) voz ao mundo.

    chick flick: filme de mulherzinha. o correspondente cinematografico de “chick lit” (literatura de mulherzinha).

    ah, e pra quem é fã do cash e não quer ver o filme: cada cabeça uma sentença, claro. mas um amigo meu, fá dele, assistiu e adorou. então, sei lá.

  3. eu gostei justamente do recorte na historia da conquista. não muda o mundo, claro, mas diverte, o que eu gosto. e se põe em contraste a ray, por exemplo, q fica naquela coisa chata de contar toda a biografia do cara (e o q é pior, via lip synch), namorando com o gênero chick flick. claro q é medíocre, mas nem sempre que eu vou ao cinema eu quero ver “arte”, assim como nem sempre que eu tô com fome eu quero calcular as qualidades nutricionais do alimento. acho ele mais honesto do q aqueles filmes metidos a inteligente q vira e mexe dão as caras por aqui.

    o vozeirão do joaquin é realmente surpreendente. baixei a trilha sonora e não consegui parar de ouvir, ainda.

  4. ah é é?? ainda não estreou oficialmente por aqui.
    o povo ( que curte johnny) tá fazendo tanto estardalhaço antes mesmo de ver o filme. vou conferir essa burocracia.
    abraços e… cadê as estrelinhas?

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