Juan de los Muertos

Um país em ruínas. Um regime falido. Uma população refém de um sistema que só funcionou no plano das ideias. Essa é mais ou menos a visão que o argentino Alejandro Brugués tem de Cuba, país em que estudou, escolheu para morar e onde faz cinema. Em seu segundo filme como diretor, ele resolveu dar corpo a essa visão, mas escolheu a forma mais insólita para isso. A Havana do cineasta está no meio de uma epidemia de zumbis.

O tom é o da comédia, mas o diretor evita cair no trash. Juan dos Mortos é um filmes mais suculentos dos últimos tempos: sarcástico e, como manda o gênero, repleto de crítica política, com referências explícitas à história e à situação atual do país. No filme, a mídia chama os zumbis de “dissidentes” e atribui sua chegada aos americanos, em mais uma tentativa de atingir o regime.

Todas as escolhas do diretor têm um subtexto. Brugués elege como seus heróis um grupo de zé manés que ganha a vida aplicando pequenos golpes: Juan, um vagabundo convicto, seu amigo punheteiro, o filho maconheiro deste, um travesti e um brutamontes que tem medo de sangue formam o time. O diretor parece os apontar como os verdadeiros revolucionários cubanos. Eles, como o país, estão à margem de tudo, vivem de sobras e à sombra.

Mas não é só a inteligência que impressiona no filme, uma superprodução em que os cubanos tiram sarro deles mesmos – e também dos americanos, dos espanhóis e até dos russos. A qualidade visual do filme merece elogios. A fotografia sempre procura os ângulos mais espertos, há uma quantidade enorme de extras e de bons efeitos visuais, que funcionam sempre como suporte para a história. Entre as muitas boas cenas do filme, a melhor é a luta em forma em que Juan tenta se livrar de um zumbi ao qual está algemado, filmada em forma de dança.

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[Juan de los Muertos, Alejandro Brugués, 2011]

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