O Caso dos Irmãos Naves

O Caso dos Irmãos Naves continua no posto de meu filme brasileiro favorito e entre meus dez melhores de todos os tempos. Revê-lo restaurado, na Cinemateca, foi emocionante. Direção brilhante de Luiz Sergio Person, que incorporou as experimentações narrativas de seu filme anterior em favor de um roteiro mais convencional, mas muito mais poderoso. A fotografia – com uma câmera orgânica, inquieta – e a montagem, que aproxima o filme do documento, são obras-primas.

Person se apropria de um erro judiciário que aconteceu durante o governo de Getúlio Vargas, a condenação dos irmãos Naves pelo assassinato de um homem que nem morrido tinha, para falar sobre tortura, corrupção e abuso de poder em tempos de ditadura. Isso em pleno regime militar brasileiro. O filme, cuja força já é inerente pela própria história, se transforma ainda numa metáfora para o status quo da época.

O elenco é impressiona e funciona em uníssono. John Herbert, normalmente um ator caricato, está excepcional, como o advogado de defesa. Raul Cortez, Juca de Oliveira e Lelia Abramo entraram ali pro rol dos grandes atores brasileiros. E o vilão de Anselmo Duarte faz inveja a uma multidão de homens maus de Hollywood. Está brilhante.

Há pelo menos umas dez cenas inesquecíveis, como a corrida da mãe pelas ruas da cidade, a procura pelo local onde o dinheiro teria sido enterrado, a tortura de Sebastião correndo pelo campo, a ameaça ao bebê e o maravilhoso discurso de defesa do advogado. A maior obra-prima do cinema brasileiro.

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[O Caso dos Irmãos Naves, Luis Sergio Person, 1967]

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