Thomas Jane, Laurie Holden, Marcia Gay Harden

Quando uma névoa estranha cerca uma cidade, o horror encontra o momento exato de se fazer aparecer. Há mais de 25 anos, John Carpenter lançou essa premissa num longa correto chamado A Bruma Assassina. Hoje, Frank Darabont revisa e amplifica o tema, ancorado num texto de Stephen King. Num ano em que filmes como Onde os Fracos Não Têm Vez, Sangue Negro e Não Estou Lá chegaram aos cinemas, é meio difícil de acreditar que um longa de terror possa estar entre os melhores do ano. Mas O Nevoeiro é um filme perfeito (ou algo bem perto disso).

O texto, escrito por King, que anda em baixa no cinema há uns bons dez anos, trabalha num nível além da lógica do susto, que move o gênero e que nem sempre funciona. E, na revisão, o filme de Frank Daranbont, em sua quarta adaptação de uma obra de King, fica ainda melhor. O Nevoeiro não é exatamente uma obra de terror. Há monstros, há perigos, há medo, mas não é o horror que dá o tom central do filme. Para o escritor, o mais assustador que o homem pode encontrar pela frente é o espelho. É nele que vemos monstros de verdade.

Quando sua névoa misteriosa deixa preso um grupo de pessoas dentro de um supermercado, estamos diante da civilização em reverso. Stephen King nos amedronta mesmo é com uma volta à barbárie. Cada uma das pessoas trancadas naquele espaço tem que aprender a se portar diante da perda de parâmetros: é aí que surgem a política, a organização social e a religião – e, então, aparecem os papéis. E Darabont, que sempre me pareceu um cineasta apenas correto, filma essa confusão exemplarmente, com movimentos de câmera inteligentes, aproveitando ao máximo o cenário limitado.

Em tempos de fúria, o oráculo interpretado por Marcia Gay Harden, talvez no momento mais alto de sua carreira, ganha um destaque inevitável. Mas Thomas Jane, um ator limitado, dá uma credibilidade inesperada a seu herói comum. Em torno deles, uma casta de coadjuvantes eficientes: Jeffrey DeMunn, Andre Braugher, Laurie Holden, Toby Jones e Frances Sternhagen. Daranbont sabe explorar os personagens com calma, dando espaço para os atores dimensionarem seus papéis e nos entregarem belas interpretações.

O Nevoeiro se projeta o tempo inteiro. Funciona num outro plano. É um dos melhores filmes baseados num texto de King, que talvez só perca para as incursões de Stanley Kubrick e Brian De Palma no universo do autor. Um dos poucos filmes que sabem usar o material original como plataforma para um salto maior. A cena final coroa este projeto com coragem e uma desenvoltura impressionante, que deixa Um Sonho de Liberdade no chão. King aposta no desespero como conseqüência do nosso medo do desconhecido, que transforma o homem numa aberração. Onde apontar inimigos a sua volta parece a única coisa que resta quando o que importa é sobreviver.

O Nevoeiro EstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[The Mist, Frank Daranbont, 2007]

Comentários

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21 comentários sobre “O Nevoeiro, revisão”

  1. O final lembra os bons filmes dos anos 70. Não há final feliz, as coisas podem não ter se resolvido para o protagonista como o público esperava, diante de tudo o que passou na trama, mas é surpreendente! Torci o nariz para o filme logo nos primeiros minutos, mas me conquistou. Em se tratando de adaptações de Stephen King, se redimiram de algumas porcarias lançadas como “O apanhador de sonhos”.

    Aproveito e deixo uma mensagem aos comentaristas “DEIXEM DE SER SPOILERS E NÃO CONTEM DETALHES DO FINAL DE FILME!!!” Tem gente que entra em críticas como essa para analisarem opiniões e decidirem se assistem ou não a obra. Não arruinem a história! Basta dizer se acham bom ou não. Sejam sensatos! Recado dado.

  2. esse filme me deixou chocado!
    sou fã do king mas, esse filme faltou
    muita coisa!
    um filme sem pé nem cabeça!
    aquele final, me caiu os butiás do bolso!

  3. Este filme é ridículo! Primeiro, aparece um “monstro” com tentáculos, depois uns com asas e depois outros que parecem aranhas. Um filme totalmente sem nexo! E o final, que absurdo: o pai mata o próprio filho!!!

    Me desculpem os “grandes” críticos, mas não concordo com suas opiniões.

  4. Reclamam do final e tal!…
    qdo acabei d assistir fiquei chocado mas dps me veio algo em mente. A promessa do pai!.
    “O Filho o pediu pra que custe oq custar não deixar ele servir de rango pros bixos!.”
    O pai cumpriu assim sua promessa.

    N eh qualquer filme por ae, entenda!. Obra prima. Parabens!, realmente o King!

  5. É um dos únicos filmes em que o protagonista no final se revela o mais idiota. Onde já se viu matar o próprio filho?!! Em ser diferente sim, mas a ridículo não!!

  6. O filme é ótimo, tem uma mensagem muito pertinente, e acho tão engraçado quem não gosta ou quem reclama do final, será que essas pessoas realmente entenderam o filme?
    Não é para ser igual, o comportamento humano pode ser absolutamente inesperado, e para Ronaldo – não é porque as pessoas gostaram do final do filme que fariam a mesma coisa com seus filhos, nínguem é capaz de medir 100% suas atitudes em situações tão surreais.

  7. O filme eh muito bom mesmo o final eh de arrepia, muito bom o filme.

    Para o pessoal que nao gosto do final tem um final alternativo no youtube da uma olhada la.

    flw

  8. Filme otimo, atuaçoes impecaveis.
    exp.aquela fanática religiosa esta otima no papel, e o ator principal tbm inpecavel.
    e o final me desculpem os que não gostarão. mas é a melhor parte do filme.
    cena totalmente chocante.
    isso é cinema galera.
    thanks Mr. King.

  9. O filme é bem legal, são duas horas que passam voando, mas o final….
    Entendo que na hora do desespero as pessoas podem fazer coisas inimaginaveis, mas um pai matar o próprio filho????
    Pq não esperar mais um tempo? Porque não tentar caminhar?
    O final destruiu o filme, boa sorte aos filhos das pessoas que gostaram do final deste filme…

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