Oscar 2015

As coisas começam a ficar mais claras na temporada de prêmios de cinema mais emocionante dos últimos anos. A essa altura, em outros anos, já haveria grandes favoritos em muitas categorias do Oscar, mas as listas de indicados do Screen Actors Guild of America e do Globo de Ouro chegaram para organizar a disputa. Ou quase isso. Com tantas possibilidades de candidatos em boa parte dos quesitos, o prêmio dos jornalistas estrangeiros, que não influenciava tanto em anos anteriores, voltou a ter um papel fundamental na corrida, ajudando a estreitar as possibilidades. De acordo com os finalistas ao Globo de Ouro, a disputa pelo Oscar de melhor filme deve se concentrar entre Boyhood, Selma, de Ava DuVernay, e O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum, com Birdman correndo por fora.

Boyhood é o filme independente que conta a história de uma família. É de um diretor de filmes “alternativos”, mas que já está na estrada há mais de 20 anos. E que já foi indicado ao Oscar de roteiro algumas vezes. Ou seja, é um filme que pode agradar em várias frentes, que pode ultrapassar a classificação de indie, que tem chance de ser um consenso. Selma tem a seu lado o peso histórico, o protagonista (o personagem e não o ator, Martin Luther King), mas pode esbarrar no fato de que 12 Anos de Escravidão ganhou no ano passado e a Academia pode achar que isso já preenche a cota de filmes étnicos premiados por um tempo. Já O Jogo da Imitação, longa de época, situado na Segunda Guerra, produzido pelo Midas do cinema Harvey Weinstein, o cara que deu o Oscar a Shakespeare Apaixonado, pode ser visto com uma alternativa classuda para quem achar o filme de Richard Linklater B demais.

Birdman tem a assinatura de Alejandro Gonzalez Iñarritu, mas dificilmente um filme sobre um homem atormentado por um super-herói teria grandes chances de vencer. Ainda mais, pesando para a comédia. De todo jeito, o filme tem vaga praticamente garantida entre os indicados, junto com os três favoritos citados anteriormente. Com quatro longas assegurados na disputa, que outros fechariam a conta (de até dez indicados, com a maioria das pessoas apostando em nove)? A Teoria de Tudo, de James Marsh, dificilmente ficará de fora diante de sua repercussão. O Globo de Ouro reforça as chances de dois competidores que pareciam enfraquecido: Foxcatcher, de Bennett Miller, que teve três indicações nesta quinta, e Garota Exemplar, que mesmo sem aparecer entre os melhores filmes, foi lembrado em direção, atriz, roteiro e trilha, o que é um número bem considerável.

Foxcatcher e Garota Exemplar podem se beneficiar da quantidade de vagas disponíveis para o Oscar de melhor filme, mas vão ter que enfrentar alguns candidatos cheios de charme. Whiplash, de Damien Chazelle, merecia mais atenção, mas é teve só uma para ator coadjuvante. Ainda assim, é um filme que tem perfil para entrar na disputa. Na lista de comédias e musicais dos Globos, Caminhos da Floresta e O Grande Hotel Budapeste são os títulos mais fortes, depois de Birdman, claro. Quem parece que teve as chances resumidas foi Invencível, de Angelina Jolie. Bastou o filme estrear para sumir das apostas. Mas como temos nomes famosos envolvidos e uma lista com muitas vagas, o longa pode abocanhar uma delas. A Most Violent Year, de JC Chandor, foi ignorado pelo SAG e nos Globos só Jessica Chastain conseguiu espaço. Mas é uma alternativa.

Na categoria de diretor, Richard Linklater, Alejandro Gonzalez Iñarritu, Ava DuVernay, indicados ao Globo de Ouro, são as maiores apostas. Morten Tyldum, que perdeu a indicação hoje, pode ter o nome reforçado pela lista do Directors Guild of America, que já está no forno. Resta saber quem paparia a vaga final, que muita gente destinava a Angelina Jolie (mas parece que não vai dar pra ela): os Globos ressucitaram David Fincher, que parece uma alternativa viável, e jogaram os holofotes sobre Wes Anderson, por O Grande Hotel Budapeste, que seria lindo, mas menos provável. Damien Chazelle, por Whiplash, ainda precisa de um reforço (alguém pensou no DGA?), mas ameaça, e JC Chandor poderia ser outra possibilidade. Bennett Miller parecia descartado, mas os Globos deram nova esperança com a indicação de Foxcatcher a filme dramático. Pode ser que James Marsh, por A Teoria de Tudo, emplaque, mas falta força ao nome dele. E Mike Leigh é sempre uma figura a se considerar em se tratando de Oscar. Mas Sr. Turner precisaria de mais fôlego.

Esse fôlego poderia vir de uma indicação de Timothy Spall, mas a categoria de melhor ator está tão cheia de nomes fortes que está complicado que ele se transforme em finalista. Michael Keaton, de Birdman, Benedict Cumberbatch, por O Jogo da Imitação, Eddie Redmayne, em A Teoria de Tudo, e David Oyelowo, por Selma, parecem candidatos assegurados, mesmo com o último ignorado pelo SAG (culpa dos DVDs de serviço que chegaram com problemas para os votantes). A quinta vaga, embora haja uma porrada de pré-candidatos (Oscar Isaac, por A Most Violent Year; Bradley Cooper, em Sniper Americano; e Ralph Fiennes, O Grande Budapeste Hotel), deve sair do duelo entre Steve Carell, de Foxcatcher, e Jake Gyllenhaal, por O Abutre. O primeiro ressurgiu com força total nas listas do SAG e do Globo de Ouro. O segundo virou ameaça concreta nestas mesmas listas. Será que não dá pra aumentar o número de indicados, não?

Amanhã sai uma análise sobre as categorias de atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante.

Comentários

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11 comentários sobre “Oscar 2015: como fica a corrida depois do Globo de Ouro?”

    1. Acho que não, Silvio. Acho que todo mundo vai votar nela por “Alice” e ninguém vai dar muita bola para “Mapa”, apesar dela estar incrível nesse filme.

      1. Bom Dia Chico, já acho ao contrário, vão votar nela por “Mapa” e vão votar em Jennifer Aniston por “Cake”, ou se não derem os dois para ela, pois Julianne merece, agora não consigo entender essa graça toda com a Jéssica Chastain, acho tão comum nada de extraordinário, ainda bem que ela não levou o Oscar naquele, pois quem merecia vence era Riva, Naomi e a própria Jennifer Lawrence, apesar do buz, a garota anda ver em seus papéis, até agora não vi um papel ruim dessa na parte de interpretação.

          1. Também aposto numa dupla vitória de Julianne Moore, assim como Kate Winslet em 2009. Moore nunca ganhou um Globo de Ouro em cinema e é favoritíssima ao prêmio de melhor atriz em drama, além disso sua performance em “Maps to the Stars” rendeu a ela o prêmio de melhor performance feminina em Cannes. Sem contar que a categoria de atriz em comédia, como de costume, é a mais fraca dessa edição. Emily Blunt e Amy Adams são as únicas ameaças, entretanto essa última já ganhou o mesmo prêmio no ano passado. Esse é o ano de Julianne Moore!

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