Paraíso

A carreira de Andrei Konchalovskiy é bem curiosa. O diretor trafega com naturalidade entre o cinema de autor e o cinema comercial, com passagens por um cinema algo autoral, algo comercial, que mira em prêmios internacionais, caso deste Paraíso, que ganhou o Leão de Prata de melhor diretor no Festival de Veneza. Dois anos depois do interessantíssimo As Noites Brancas do Carteiro, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo, mas infelizmente inédito em circuito, Konchalovsky entra num terreno seguro para atrair comoção internacional, o das histórias da Segunda Guerra Mundial. O roteiro original, escrito pelo próprio cineasta com Elena Kiseleva (com quem também fez dupla no filme anterior), mistura uma certa ousadia questionável com muita burocracia e didatismo. O filme acompanha três histórias que se cruzam durante a guerra e coloca os personagens lembrando de suas vidas numa espécie de mesa de interrogatório que chama a atenção depois que entendemos em que contexto aquilo acontece. A fórmula tenta quebrar a burocracia da narrativa principal, que replica dezenas de filmes feitos sobre o tema, mas parece uma alternativa didática para reforçar tudo o que está acontecendo, pra não deixar dúvidas da “mensagem” que se quer passar.

Paraíso ★½
[Ray, Andrei Konchalovsky, 2016]

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