Mangue Negro

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[Mangue Negro, Rodrigo Aragão, 2008]

Mangue Negro é um achado. O primeiro longa do capixaba Rodrigo Aragão é, basicamente, um filme de zumbis levado a sério, mas ecoa influências variadas, desde o Sam Raimi de A Morte do Demônio até os primeiros anos de David Cronenberg. Isso sem perder a cota de humor. Aragão busca mostrar que o projeto é sério desde a cena de abertura, com um texto diferenciado, quase um monólogo teatral. Esse texto nos introduz a um tom em que, sem fazer panfleto ou discurso – e sem ser chato, sócio-ambiental. Aragão utiliza o apodrecimento o mangue como metáfora para falar sobre a degradação da sociedade (parte séria) e para o surgimento dos zumbis (parte divertida). Mesmo pesando a mão no trash a partir de sua segunda metade, Mangue Negro é um filme muito bem feito. A fotografia, mais do que bem cuidada, é esforçada e nos presenteia com efeitos e truncagens simples e impressionantes. A edição é ágil, sem recorrer aos maneirismos de praxe. Há inclusive uma cena em stop-motion. Na esfera sonora, a música, competente, foi cortesia de uma orquestra e a edição de som também surpreende. A maquiagem funciona muito em alguns momentos e deixa a desejar em outros, mas isso nunca é problema. A sequência da Preta Velha, que começa desmerecendo o filme rapidamente se torna um respiro delicioso no roteiro e revelando um personagem que, de tão mal interpretado, é apaixonante.

Franck Vestiel

Eden Log EstrelinhaEstrelinha
[Eden Log, Franck Vestiel, 2007]

O filme de Franck Vestiel tem uma proposta interessante: um homem acorda numa caverna e tenta descobrir quem é e o que está fazendo lá, mas para isso precisa enfrentar ameaças desconhecidas que vivem no escuro. O diretor tem cuidado em ambientar a história. A direção de arte e o desenho das criaturas são bem feitinhos, reproduzindo uma série de referências de filmes de ficção-científica. O desenrolar da história, talvez pelo tom excessivamente sério, não flui tanto assim, mas nunca deixa de manter o interesse. O grande senão é a fotografia. Vestiel joga todas as fichas na possibilidade de terror criada pelo claro-escuro, mas a iluminação não funciona nada na projeção em DVD, que desaparece com as nuances, desbota as cores e, muita vezes, deixa a tela num black total.

Comentários

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5 comentários sobre “SP Terror: Mangue Negro e Eden Log”

  1. Que pena que não tem um festival como esse, aqui em Brasília…

    Chico, há um tempo venho lendo o seu blog, gosto bastante, mas não sei se você já leu o meu… é possível eu ser linkado por você também?

    Abraço!

  2. Estava com receio de ver “Mangue Negro”. Confesso que esperava pelo pior.
    Que bom que venci meus preconceitos e fui conferi-lo! Achei ótimo!
    A sequência da preta velha é hilária.
    Beijo.

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