Metade de 2009 já passou e deixou alguns filmes dignos de (boa) nota. Meus dez favoritos estão relacionados aqui. Pensei em listar uns vinte, mas não consegui chegar aos quinze, forçando um pouco a barra. Então, parei nos dez mesmo. Agora é esperar que a segunda metade do ano traga filmes ainda melhores e que as distribuidoras tomem vergonha na cara e lancem Deixe Ela Entrar, À Prova de Morte e Sonata de Tóquio.

Man on Wire

10 O Equilibrista
Man on Wire
James Marsh, 2008

O Equilibrista é um documentário à moda antiga, sem o ranço atual de fazer o narrador interferir na narrativa. É essa simplicidade que faz o espectador se envolver com sua história, naturalmente atraente. O grande trunfo do diretor foi limitar as entrevistas do personagem principal porque sua tendência a se considerar um astro poderia comprometer o filme.

Há Tanto Tempo que te Amo

9 Há Tanto Tempo que te Amo
Il y a Longtemps que je t’Aime
Philippe Claudel, 2008

Claudel constrói sua história com simplicidade, evitando a maneira mais fácil de se contar um segredo. O roteiro impressiona porque, ao mesmo tempo em que apresenta um complexo nível de elaboração ao revelar o passado da protagonista em goles mínimos, quase que por acaso, consegue fazer essas revelações brotarem com uma espontaneidade invejável.

Craig Gillespie

8 A Garota Ideal
Lars and the Real Girl
Craig Gillespie, 2007

Primeiro: mesmo com um tema arriscado, não trata o espectador de maneira simplista, fugindo da decisão fácil de partir para a comédia idiota, que anda na moda, e evitando ao mesmo tempo outro lugar comum do cinema indie, um certo namoro com o grotesco, tentando vender o filme pelo esquisito, como faz boa parte da produção independente.

Frost/Nixon

7 Frost/Nixon
Frost/Nixon
Ron Howard, 2008

Howard estrutura seu longa como um filme documental, em ordem cronológica devidamente explicitada e com intervenções em que os atores, na pele de seus personagens, avaliam e explicam contextos e bastidores. Nada é exatamente original, mas cada parte funciona perfeitamente e resulta num filme coordenado com segurança e um talento inédito ao diretor.

Gus Van Sant

6 Milk
Milk
Gus Van Sant, 2008

A estrela do filme é o roteiro. O novato consegue não ser panfletário ao defender um militante gay iconizado. O tratamento dá a Milk um espírito universal. O trabalho de Sean Penn, por sinal, é comovente. Ele consegue equilibrar a fragilidade do protagonista em sua vida doméstica com os arroubos de fortaleza de sua persona pública.

Laurent Cantet

5 Entre os Muros da Escola
Entre les Murs
Laurent Cantet, 2008

É justamente por se afastar dos modelos tradicionais de narrativa (seja no gênero ou fora dele) que o filme se torna tão interessante. À medida em que quem assiste percebe esse liberdade (mesmo que vigiada de longe), ver o filme se torna uma experiência muito mais próxima da realidade, onde o imprevisto dita as regras.

JJ Abrams

4 Star Trek
Star Trek
J.J.Abrams, 2009

A estética nunca está em primeiro plano. Sempre é coadjuvante de intérpretes e do roteiro, o grande interesse de Abrams. O diretor nunca está interessado em desfilar referências nem nunca se escora na mitologia da série. Para ele, foi muito mais importante estabelecer uma história independente, redonda, mas que saiba ser fiel ao universo que audaciosamente resolveu invadir.

Christophe Honoré

3 A Bela Junie
La Belle Personne
Christophe Honoré, 2008

Parece menos ambicioso do que os anteriores, mas é apenas um reflexo da coerência com seu universo principal, o de um grupo de jovens estudantes. Honoré desenha neles os futuros personagens de seus longas adultos. Seus dilemas e paixões surgem mais ingênuos e instintivos, mas não menos insinuantes.

Clint Eastwood

2 Gran Torino
Gran Torino
Clint Eastwood, 2008

Walt Kowalski representa a Velha América, mas não em tom saudosista ou celebratório. Pelo contrário. O personagem de Clint é o de um homem que não tem o menor pudor de ser racista, que se alimenta do próprio rancor, um cara agressivo que vive do (e no) passado. É a Velha América, mas a Velha América falida, de orgulho ferido e refém do resto do mundo e do próprio passar do tempo, que a fez desmoronar.

O Lutador

1 O Lutador
The Wrestler
Darren Aronofsky, 2008

Não há uma só palavra no filme sobre a aparência de Randy. Mas é justamente este visual, o de um homem que abriu mão de todo o resto para investir na expansão de sua massa muscular, que motiva e justifica O Lutador. O filme só existe porque seu corpo decadente é reflexo de suas escolhas. E o personagem sabe muito bem disso. Randy é um homem consciente da exaustão de seu corpo, de sua decadência como atleta, que decide tentar preservar o que resta de sua carcaça.

Rapidinhas de cinema no meu twitter.

Comentários

comentários

58 comentários sobre “Top 10: melhores do semestre 2009”

  1. I might ought to check with an individual here. Which can be not necessarily something I normally complete! I love examining any content that can find visitors to consider. In addition, thank you with regard to making it possible for myself to thoughts!

  2. I tend not to leave a bunch of responses, but I read a ton of comments on top 10: melhores filmes do semestre – Filmes do Chico. I do have 2 questions for you if you don’t mind. Could it be simply me or do a few of these remarks come across like they are written by brain dead people? 😛 And, if you are posting on additional places, I’d like to follow you. Could you make a list of all of your social networking sites like your Facebook page, twitter feed, or linkedin profile?

  3. When I originally commented I clicked the “Notify me when new comments are added” checkbox and now each time a comment is added I get several emails with the same comment. Is there any way you can remove me from that service? Appreciate it!

  4. I haven’t checked in here for a while since I thought it was getting boring, but the last several posts are good quality so I guess I will add you back to my everyday bloglist. You deserve it my friend 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *