Um Homem Sério

Um Homem Sério pode não ser o melhor filme dos irmãos Coen, mas é o mais bem dirigido trabalho deles. O novo filme da dupla, com sua proposta simples de história de humor negro, praticamente some se for comparado a projetos mais ambiciosos como Onde os Fracos Não Têm Vez, mas indica um refinamento absurdo na direção deles. Por isso, é bem curioso que seja justamente o roteiro o que tem chamado mais a atenção dos críticos na premiações de cinema.

O texto do filme, uma sucessão de situações bizarras que acontecem com o protagonista azarado, é ótimo, mas foi o que menos me chamou a atenção em Um Homem Sério. Talvez porque eu não tenha achado que os Coen foram simplesmnete cruéis com seu personagem principal. Acho que se trata muito mais de uma grande piada de humor negro. De cara, há uma fotografia escandalosa de tão linda, com a câmera sempre procurando os lugares mais inusitados, ao mesmo tempo em que pinta quadros belíssimos.

Há duas cenas fantásticas: a primeira é quando Michael Stuhlbarg, um dos melhores atores do ano, imperdoavelmente fora da lista do Oscar, sobe no telhado e observa sua vizinhança. A segunda é minha cena do ano até agora: o Bar Mitzvah do garoto sob efeito de maconha. Uma “viagem” traduzida com uma câmera linda, um ator-mirim inspirado e um humor delicioso. O filme inteiro é muito bem encenado. Chega a parecer calculado demais em alguns momentos, mas a impressão que fica que os Coen resolveram um problema de ritmo que sempre deixava seus filmes arrastados.

O filme flui tão bem que a interminável maré de azar do protagonista ganha consistência e passa de brincadeira a observação melancólica sobre o mundo que nos cerca. A música de Carter Burwell, discretíssima, traduz o filme, que termina com um golpe final (ou dois) de doer o coração. No melhor sentido.

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[A Serious Man, Joel Coen e Ethan Coen, 2009]

Comentários

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8 comentários sobre “Um Homem Sério”

  1. O melhor filme que assisti nos últimos anos. Não espere um filme pronto para digerir. As respostas estão justamente nas palavras dos rabinos… Um desastre pode ser um presente dependendo da perspectiva… e, afinal de contas… a resposta é realmente relevante?!?!?

  2. ADOREI O FILME ,EM PRIMEIRO LUGAR POR QUE TEM CENAS EM IDISCH DIALETO ALEMÃO.
    DEPOIS PORQUE E UM FILME PARA PENSAR E CADA UM ENTENDE DE UMA MANEIRA,ADOREI

  3. Gostei do filme, não com muito entusi-asmo. Talvez seja um problema cultural.
    Talvez eu precise compreender mais os judeus.
    Fiquei intrigada com a cena inicial passada em tempos passados. Alguém pode me explicar?…

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