Memórias Ocultas, de Buddhadev Dasgupta.
Os elementos mágicos do filme são seu maior problema já que o roteiro é capaz de criar situações complexas, dirigidas com simplicidade e eficiência. As intervenções do não-factual parecem perdidas no meio de tantas informações sobre a família que protagoniza o filme. Sem elas, o novo longa de Dasgupta estaria bem perto de ser uma obra-prima, já que há alguns momentos assim. O ator que faz Sumanta é muito bom.
Humilhação, de Masahiro Kobayashi.
Filme que tem pena da personagem raramente me agrada. Esse, além de ter pena, é completamente incompetente em causar identificação com a protagonista. O filme é bem econômico no tempo, mas aproveita muito mal seus 82 minutos em reprovar o constrangimento e fazer disso uma linha narrativa para justificar a preguiça em desenvolver melhor a personagem.
Eleição, de Johnnie To.
Caminhava a passos largos para ser um dos melhores filmes da Mostra, como filme de gângster deslocado do seu cenário, com os coadjuvantes comandando a ação, inteligente e muito bem dirigido. Mas depois do seu clímax, quando se resolve a quaestão central da história, segue um caminho tão mal delineado – com cenas dispensáveis (como a no topo do prédio) e uma tentativa de mostrar a corrupção “da alma” como algo indenfensável – que faz o longa perder bastante seu impacto. Johnnie To é hábil – há muitos momentos sublimes -, mas não soube resolver seu filme.
Nuvens Carregadas, de Tsai Ming-Liang.
Difícil dizer o que Ming-Liang pretendia com este filme, que retoma as personagens de Que Horas São Aí? e do curta A Passarela se Foi numa seqüência com ausência absoluta do que dizer. O diretor parece mais preocupado em convencer pelo riso fácil, baseadas em gags esquisitinhas, ou pelas numerosas cenas de sexo. Os números musicais, cinco, se eu não me engano, vão do bonitinho (o das mulheres e o dos guarda-chuvas à apelação (o do pênis).
Marfil, eu não gostei, mas vc poderia gostar. O que eu mais gosto é destas discordâncias.
Sérgio, eu não te reconheci, mas acho que a gente pode ter visto filmes nas mesmas sessões.
Por um triz ia assistir “Nuvens Carregadas”, mas desisti…Ainda bem, pelo visto ia perder dinheiro…
eu não achei ruim o nuvens carregadas. mas achei pouco pra Tsai. vi esse no Rio. aliás, pelo visto não temos visto as mesmas sessões