Uma das homenageadas da edição 2009 do Indie, a japonesa Naomi Kawase alterna ficções e documentários em filmes que sempre invadem universos intimistas. Da retrospectiva da cineasta, vi três filmes. O mais antigo deles, Shara, de 2003, é o melhor. O longa tem como ponto de partida o desaparecimento repentino de um dos gêmeos da família Aso. Mas a diretora recusa a idéia mais óbvia de investigar o sumiço do garoto. A ela interessa o que acontece com quem ficou. Depois do prólogo, filmado com maestria, a narrativa é retomada cinco anos depois. Kawase, que também interpreta a mãe grávida, escolhe o gêmeo restante, Shun, para continuar sua investigação sobre a família. Shun é o protagonista de uma história que explora o cotidiano: as aulas de arte, o interesse pela vizinha, a ajuda ao pai na organização de um festival de dança, a preocupação com o bebê que a mãe carrega. Sua timidez e discrição somente explodem quando existe a possibilidade de o passado ressurgir e abalar a vida que ele criou para si. Mas a ameaça não está nos planos de Kawase. Ela refuta trabalhar com maneirismos e segue o caminho menos fácil.
Shara
[Sharasojyu, Naomi Kawase, 2003]