Existe muita paixão em 120 Batimentos por Minuto. A paixão dos personagens reais, que defendem sua causa acima de todas as coisas. E a paixão também no registro destes personagens por um diretor interessado em capturar sua urgência e intensidade. O filme acompanha o trabalho do grupo ACT UP Paris, que milita pelos direitos dos portadores de HIV. Robin Campillo, parceiro de longa data de Laurent Cantet, com quem colaborou em 8 longas, no roteiro ou na montagem ou ambos, pegou emprestado o tom documental que aparece em muitos dos filmes que a dupla fez junto, para seu terceiro trabalho como diretor. Não é á tôa que, ao contrário de seus dois longas anteriores Eles Voltam e Eastern Boys, este parece bem mais com o cinema social feito por Cantet.

120 Batimentos por Minuto A estratégia de Campillo tem efeitos diversos. Se, de um lado, traduz o espírito daquele trabalho, por outro, dá um tom importante para o filme, que perde um pouco da espontaneidade do material, o que é estranho já que os atores são dirigidos para serem espontâneos e a câmera agitada também indica esse caminho. Por outro lado, o aspecto documental aproxima o longa do formato de um telefilme. Um bom telefilme, é verdade, mas com um compromisso excessivo em ser fiel aos fatos e com muita preocupação em fazer um documento histórico. Essa intenção deixa o filme um pouco mais mecânico, o que de certa forma contrasta com a tal da paixão que o diretor e o elenco, sobretudo o protagonista, Nahuel Pérez Biscayart, entregam para este trabalho.

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120 Battements par Minute, Robin Campillo, 2017

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