Elektra (2005), de Rob Bowman.
Elektra é literamente uma tragédia, que começa com a transformação da ninja assassina numa versão não-cômica de uma das panteras do cinema. Jennifer Garner pode ter um bundão (e o utiliza com eficiência para rebolar em todas as cenas onde tem que dar uma andadinha), mas as formas da moça não a habilitam para o papel, que merecia uma atriz de verdade. O texto, feito a seis mãos, é fraquíssimo: não apresenta a personagem (é preciso ter um conhecimento bem razoável das HQs para ter alguma noção do que está acontecendo), não consegue dar tempo para desenvolver as situações (tudo acontece rápido demais e, por isso mesmo, parece na velocidade errada), e os lugares comuns vem em ondas como o mar. O visual é o Vinólia 2005 (cabelos ao vento, slow motion e montagem apressadinha). O conceito da personagem parece ter virado texto de livro de auto-ajuda do Paulo Coelho.
O Filho de Chucky (2005), de Don Mancini.
Apesar de o espírito trash tomar conta do filme, é surpreendente que um longa assim tenha (boas) referências e algumas belas idéias originais. Primeiro, há Jennifer Tilly num corajoso papel que poderia virar ponto contra na sua carreira. A metalinguagem proveniente dessa brincadeira consegue momentos engraçados e inteligentes. Depois, há pequenas alusões a Psicose (Alfred Hitchcock, 1960) e uma homenagem curiosa a Edward D. Wood Jr, não só nos nomes Glen/Glenda, mas em determinada característica da personagem-título. Por fim, a amoralidade agnóstica do filme permite deliciosos pecados envolvendo o santo nome da Virgem Maria. Não chega a ser bom, mas é bem divertido.