KEDMA

Amos Gitaï faz um cinema engajado. Seus filmes são dedicados a mostrar fatos históricos e aspectos da cultura de seu país e de seu povo. Têm sempre grandes e boas intenções. Foi assim com Kadosh, O Dia do Perdão, o episódio que o cineasta dirigiu para a coletânea 11 de Setembro, e é assim com Kedma. Por isso, pode-se dizer que seus filmes são importantes, mas é justamente essa característica primordial que deixa sua obra muito chata. Gitaï privilegia seu posicionamento político, sua vontade de mostrar a verdade, de contar a história do seu povo, em detrimento da elaboração de seus personagens e de seu roteiro. Em Kedma, o cineasta trata seus protagonistas mais como militantes do que como pessoas numa jornada por seu próprio espaço. A luta por uma terra prometida, que já inspirou muitos bons filmes, vira aqui palanque para discurso político. A única cena em que o cineasta parece apostar na capacidade dramática de seus atores e na sua própria de envolver os espectadores é um monólogo belíssimo onde um velho disserta sobre temas bem maiores que uma simples luta territorial. Kedma tem a melhor concepção visual dos filmes recentes de Gitaï, mas o diretor que aposta na beleza das imagens esquece de investir em outras belezas mais particulares e significativas.

Kedma
Kedma, França / Itália / Israel, 2002.
Direção: Amos Gitaï.
Elenco: Andrei Kashkar, Helena Yaralova, Yussuf Abu-Warda, Moni Moshonov, Juliano Mer, Menachem Lang, Sandy Bar, Tomer Russo, Liron Levo, Roman Hazanowski, Dalia Shachaf, Karen Ben, Raphael, Sasha Chernichovsky, Rawda Suleiman, Gal Altschuler.
Roteiro: Amos Gitaï, Mordechai Goldhecht, Haim Hazaz, Marie-Jose Sanselme, Marc Weitzmann e Taufik Zayad. Produção: Amos Gitaï, Marin Karmitz e Laurent Truchot. Fotografia: Yorgos Arvanitis. Edição: Kobi Netanel. Direção e Arte: Eitan Levi. Figurinos: Laura Dinolesko. Música: David Darling e Manfred Eicher.

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