As Harmonias de Werckmeister

Há alguns filmes que mexem fisicamente com a gente. A atmosfera claustrofóbica de As Harmonias de Werckmeister é impregnante e ameaçadora. Saí pesado da sessão do filme de Béla Tarr. Com mal estar mesmo. Contaminado por um mundo de um terror iminente, em que uma ameaça que não se consegue determinar está prestes a chegar ao poder, assumir e destruir tudo. O protagonista parece ser o único imune ao terrorismo crescente na pequena cidade do interior da Hungria. Ele circula pelos cenários e transita entre todos os personagens, os “tios” de quem cuida. Até que é “contratado” como uma espécie de emissário do caos.

Esses caos, catalisado pela presença fantasmagórica de Hannah Schygulla e pela chegada à cidade de um circo macabro cujas maiores estrelas são uma baleia morta e um homem misterioso, desperta nosso herói. Sua visão cotidiana se transforma e ele começa a enxergar o que está por vir. E o espectador acompanha seu crescente desespero, o fim de seu cotidiano harmônico, seguro, estável. Tarr, com sua habilidade única para manipular imagem e som de formas solene e soturna, costura o ambiente de terror com uma rede de tramóias e negociatas diabólicas, que torna os eventos assustadoramente reais.

As Harmonias de Werckmeister EstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Werckmeister Harmóniák, Béla Tarr, 2000]

Comentários

comentários

Um pensamento sobre “As Harmonias de Werckmeister”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *