11 Minutos

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[11 Minutes, Jerzy Skolimowski, 2015]

O polonês Jerzy Skolimowski sempre ofereceu um diferencial entre os cineastas que vinham de seu país: enquanto Polanski, Kieslowski, Zulawaski e Wajda se dividiam entre o mercado internacional, as sensibilidades poéticas e os dramas de guerra, Skolimowski presenteava o espectador com um cinema bastante pessoal, que passeava pelos gêneros e temas, mas com uma assinatura sempre impiedosa. Em 11 Minutos, o diretor parece apostar apenas e unicamente na violência da sequência final, então todo o filme funciona em torno de transformar a última cena numa catarse grandiloquente, em tom de apocalipse, em que as personagens, cujas histórias vêm sendo desenhadas em paralelo ao longo do filme, finalmente estão juntas no mesmo lugar. Por conta disso, o filme assume um fatalismo e uma fome por coincidências trágicas que remete imediatamente a Crash, de Paul Haggis, e Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritu, dois dos piores filmes da década passada. Embora haja muita ousadia visual nos últimos minutos, nada justifica tantos maniqueísmos e maneirismos.

Bombay Velvet

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[Bombay Velvet, Anurag Kashyap, 2015]

A produção de cinema indiana é a maior do mundo, mas é praticamente desconhecida fora de seu país. As regras (beijo e sexo são banidos e passíveis de punição) e os códigos (as músicas são parte da narrativa mesmo quando o filme não é essencialmente um musical) ajudam a limitar o alcance dos filmes. Bombay Velvet parece ser a tentativa de fazer um blockbuster indiano mais palatável para o resto do mundo. A superprodução conta a história da ascensão de um mafioso como uma luxuosa reconstituição de época, uma fotografia cheia de filtros vermelhos e amarelos e um tom grandioso inspirado pelos grandes filmes americanos de gângsters. Não é à tôa que Martin Scorsese deu sua benção ao projeto de Anurag Kashyap e ainda emprestou sua montadora Thelma Schoonmaker para editar o filme. O grande problema é que a preocupação com as dimensões não ajudam a dar mais corpo ou alguma assinatura a Bombay Velvet, que não passa de cinema étnico para exportação.

Em Jackson Heights

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[In Jackson Heights, Frederick Wiseman, 2015]

Aos 85 anos de idade, o documentarista Frederick Wiseman sabe bem que a simples presença de uma câmera num ambiente qualquer altera o movimento natural do lugar. Em praticamente todos os filmes que fez nos últimos quase 50 anos, o cineasta tenta ficar o mais invisível que pode para, além de registrar, traduzir o local que elegeu como seu objeto. Esta regra é reprisada mais uma vez em seu último longa, Em Jackson Heights, documentário em que acompanha os moradores do bairro que dá nome ao filme (no Queen, em Nova York) em suas mobilizações sociais. Wiseman sempre teve uma preocupação política grande com o que filma e aqui retrata as lutas dos pequenos comerciantes que tentam se organizar contra a especulação imobiliária, a comunidade gay que quer recuperar as conquistas históricas do bairro, pólo de luta contra o preconceito, e as famílias de imigrantes, sempre às voltas com o subemprego e a ameaça de extradição. Muitas e muitas cenas do filme são registros de reuniões, encontros e discursos. No intervalo desses momentos, o diretor passeia pelas ruas, mostra o aniversário de um ex-prefeito da cidade e invade a cozinha de um restaurante popular. Liga a câmera e deixa a vida acontecer, sem interferir em nada. A consciência e o poscionamento sobre o que está sendo mostrado é de total responsabilidade de quem assiste ao filme.

Iris - Uma Vida de Estilo

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[Iris, Albert Maysles, 2014]

Como Wiseman, Albert Maysles (geralmente em parceria com o já falecido irmão David), é um dos maiores documentaristas vivos. Foi ele quem fez os clássicos absolutos Caixeiro Viajante e Grey Gardens. Maysles tem 90 anos e ainda está na ativa. E em Iris, lançado no ano passado, o veterano cineasta presta uma homenagem merecida a uma das mulheres mais importantes para o mundo da moda nos últimos 50 anos, Iris Apfel, um vulcão hoje com 94 anos, referência em decoração de interiores, acessórios e no mundo fashion em si, embora seja praticamente desconhecida fora dele. O filme registra o cotidiano de Iris, que, à época das filmagens, se dividia entre a vida com o marido e companheiro de décadas, Carl, e uma rotina impressionante de compromissos profissionais. A personagem fala por si: verborrágica, irônica, sarcástica, sempre muito maquiada e usando roupas coloridas e dezenas de colares e pulseiras, Iris é o próprio evento e Maysles captura essa essência num delicioso documentário de 74 minutos, rodado pouco antes da morte de Carl. Embora a estrutura seja bem mais clássica do que a do filme sobre as Bouvier Beale, Iris nada fica devendo às moradoras de Grey Gardens.

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