De Johnnie To, eu conheço bem pouco. Até então, meu único contato com sua obra tinha sido Eleição, belo longa que evocava os grandes filmes de máfia norte-americanos. Nada que me preparasse para a experiência que viria ser assistir a Exilados. Minha história com o filme é antiga. Eu perdi a chance de vê-lo bem antes – e em película -, quando ele foi incluído de última hora na repescagem do Festival do Rio do ano passado. Com seu lançamento em DVD, pude reparar, ao custo de perder o impacto de um filme destes no cinema, este erro.
Johnnie To trabalha neste filme com um conceito diferente na relação entre os personagens. Em vez de comparsas em que não se pode confiar, seus protagonistas são cinco amigos de infância que se vêem colocados em lados diferentes do jogo. Dessa maneira, há um farto material sobre lealdade, confiança e parceria em questão e To se propõe a celebrá-lo ao longo do filme.
Desde o começo, a influência óbvia é Sergio Leone. Há planos muito abertos que acompanham os movimentos dos atores. A fotografia é, ao mesmo tempo, cheia de virtuoses e graciosa, tratando com carinho cada personagem. Existe também uma impressionante noção do espaço. As cenas da entrada na casa, logo no começo, e o duelo no apartamento do médico brincam justamente com esse domínio exato do cenário.
Os enquadramentos revelam planos diferentes de ação e a montagem trata de coordená-los. A música, assim como em Leone, é fundamental para aplicar a ambientação final que o diretor pretende para cada seqüência. Há ainda uma segunda referência direta: o cinema de Sam Peckinpah. É dele que Exilados herda a habilidade de criar espetáculo a partir da violência em massacres sangrentos filmados como balés coreografados.
Os maneirismos de câmera e de cortes são tratados com tanta inteligência que de incômodos passam a primorosos. O resto é o talento de To para mover os personagens em cena como num calculado jogo de xadrez, com sua disposição quase operística para movimentá-los. Essa maneira de manipular os protagonistas rendeu um show vigoroso e de uma coerência difícil para um produto tão, acredite, pop.
Exilados
[Fong Juk/Exiled, Johnnie To, 2006]
O que é o Alfred? Algum “Oscar” ao contrário?!?!
Este filme é muito bom …
hummm… será que não deve ser questionada a eligibilidade do Exiled? tenho minhas dúvidas
Passou na Maria Antônia aqui em São Paulo, em DVD mesmo, mas perdi. Vou ver via locadora.
Acho que nem tem o que questionra na elegibilidade dele para o Alfred, Ed, porque ele passou três semanas em cartaz em Sampa, mesmo que a cópia tenha sido feita a partir da cópia de DVD.
Esse filme já se torna um dos favoritos ao Alfred, caso seja elegível.