Ratatouille

Eu tenho um blogue que trata exclusivamente sobre cinema há quase cinco anos. Os textos que eu publico aqui são meus. A maioria, resenhas. Eu nunca gostei de chamar o que eu escrevo aqui de ‘críticas’, mas não é raro receber essa classificação. Muitas vezes, sou relaxado em me aprofundar sobre determinado aspecto, para elaborar meus argumentos, preguiçoso para pesquisar mais, me falta rigor na revisão dos textos e, às vezes, minha dislexia – único aspecto em que eu Tom Cruise temos muito em comum – me faz cometer impropérios.

Mas é fato que, quando eu sento atrás do computador para dar minha opinião aqui, eu estou me atrevendo a determinar se um filme é bom ou não. Verdade, por mais que o texto seja menos incisivo, ele sempre traz um aval (ou uma reprovação). Eu escrevo que isso é isso e aquilo é aquilo. E essa imposição da minha opinião termina por ter um caráter arrogante, manipulador e autoritário. Uma vezes mais, outras menos, mas sempre tem.

É claro que na internet – e no mundo dos blogues, mais especificamente – tudo depende de compartilhar. Minha ousadia em dar um ponto final sobre algum filme também sobrevive da sua disposição em me dar alguma ‘moral’. Eu nem sempre mereço. Nem sempre gosto dos meus textos. É claro que, como jornalista, me orgulho de ter escrito este ou aquele, de perceber que uma criação sua ficou realmente boa. Mas estes casos não são tão comuns. E o pior é que às vezes você se pega incluindo determinada palavra ou expressão ou pensamento no texto porque sabe que aquilo vai gerar discussão.

Eu tento não fazer isso de maneira gratuita, mas é difícil lidar com certas ‘obrigações’ que esta função – de comentador, não de crítico – traz. Não gosto, realmente não gosto, daqueles que escrevem apenas para polemizar. Ter fama de ranzinza, radical, linha dura faz muitas carreiras. Mas geralmente é tão irritante, mal educado e desnecessário ler textos deste tipo… No entanto, às vezes comparo o que eu escrevo com os desses e vejo que nem sempre evito as armadilhas.

Em Ratatouille existe o personagem de um crítico, grande composição de Peter O’Toole. Por mais que a historinha do ratinho que queria ser cozinheiro e do rapaz que queria ser levado a sério seja emocionante, bem contada e que se utilize da tecnologia de uma maneira especial, não há nada mais encantador do que a participação do crítico no longa. É muito fácil prever o que vai acontecer, afinal este é um filme infantil clássico, com catarse e lição de moral. O difícil é saber como vai acontecer. E é aí que Brad Bird ganha muitos pontos porque ele sabe que ser definitivo é muito chato.

Discorde sempre que você quiser, por favor.

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[Ratatouille, Brad Bird, 2007]

Comentários

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6 comentários sobre “Ratatouille”

  1. Caro Chico,
    deve ser por tudo isso que venho frequentando seu espaço há tanto tempo. Se não comento tanto é porque tenho andado muito ocupado ultimamente – a ponto de estar deixando meus blogues às moscas. No entanto, concordando ou discordando com o que você escreve, importante é que a sua opinião é importante para as reflexões que faço dos filmes. E por isso, só tenho a agradecer. Aprendo muito por aqui.
    Abração

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