Uma Barragem contra o Pacífico
[Une Barrage contre le Pacifique, Rithy Panh, 2008]
Um filme bastante ordinário para alguém com a assinatura de Panh. O diretor parece ter se dobrado às regras do cinema narrativo de ficção, talvez pelo peso de adaptar um texto de Marguerite Duras. Isabelle Huppert, correta, comanda o elenco de novatos medianos numa trama que se situa no Camboja ocupado, mas gasta muito mais tempo na rede de intrigas familiar.
Polícia, Adjetivo
[Politist, Adjectiv, Corneliu Porumboiu, 2009]
O segundo longa do diretor do bom A Leste de Bucarete vai mais além em sua análise da sociedade romena, investigando a burocracia policial. Porumboiu contraria as expectativas, deixando a investigação feita pelo protagonista sempre num plano secundário em relação ao cotidiano do personagem. O diretor abusa dos planos fixos, do ritmo longo e do humor esquisito na composição deste cotidiano, buscando estranhamento mesmo. O resultado tem momentos forçados, mas no geral mostra um filme interessantíssimo, com uma sequência (a que batiza o longa) nonsense e, ao mesmo tempo, fundamental para os propósitos do diretor.
Mother
[Madeo, Bong Joon-ho, 2009]
O novo filme do diretor da obra-prima O Hospedeiro (2006) segue um caminho diferente: aposta no drama policial, terreno em que já havia pisado em Memórias de um Assassino (2003). Bom cineasta que é, Bong Joon-ho já abre seu filme com uma cena antológica, em que a personagem-título dança num campo aberto. O plano já valeria o ingresso, mas há pelo menos outros dez com beleza equivalente. Eles servem para compor a mistura de história de amor incondicional, retratada com pequenas delicadezas, e thriller de primeira grandeza, com um roteiro que evoca o suspense clássico e cenas assustadoras. A atriz Kim Hye-Ja, genial, já entrou para a lista de melhores do ano.
London River
[London River, Rachid Bouchareb, 2009]
O prêmio de melhor ator em Berlim para Sotigui Kouyaté só pode ter razões exóticas: um ator africano, de 72 anos, com longos cabelos rastafari, com uma interpretação apenas correta. Kouyaté desaparece perto da sempre ótima Brenda Blethyn, que tem uma cena oscarizável e mais algumas em que revela seu cuidado com os detalhes da personagem. O filme é bastante interessante. Uma forma original e sutil de voltar aos ataques terroristas em Londres sem abraçar o dramalhão ou o denuncismo.
Comentários rápidos e primeiras impressões no twitter.
Outros filmes do festival: 35 Doses de Rum, (500) Dias com Ela, Aconteceu em Woodstock, Amália, Amreeka, The Bad Liutenant: Port of Call, New Orleans, Barba Azul, Brilho de uma Paixão, A Casa Nucingen, Cornucópia, A Criada, Distrito 9, Doce Perfume, Erótica Aventura, Eu Matei a Minha Mãe, Eu, Ela e Minha Alma, A Física da Água, Hotel Atlântico, Insolação, Julie & Julia, Lake Tahoe, Marching Band, As Praias de Agnes, O Rei da Fuga, Ricky, Singularidades de uma Rapariga Loura, Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo.
Post com bons filmes (pelo menos me pareceu em suas análises).
Deles, me interessa mais Mother. Curioso como os orientais tem a incrível sensibilidade pra criar coisas belas e terríveis aos mesmo tempo rs.
Hospedeiro é uma obra-prima e Mother tem “cheiro” de ser.