Sinceramente? Preferi a do ano passado, mais ousada, mais divertida, mais criativa. Steve Martin e Alec Baldwin estavam completamente entrosados, cheios de piadas ora ácidas, ora simples, mas geniais. Funcionaram quase que o tempo todo, mas apareceram pouco. Antes deles entrarem em cena tivemos que suportar um número chatíssimo com Neil Patrick Harris. Ahn? Quem escolheu o garoto, tadinho? E por que um ator essencialmente de TV faz a abertura do Oscar? A transmissão da TNT perdeu o sinal justamente quando a festa começou e eu não tenho a menor ideia do que aquele bando de atores fez no palco antes do Neil. Amanhã minha preguiça acaba e eu vejo no YouTube.
Por sinal, a festa deste domingo pode ser vista na internet sem prejuízo. Foi chata, sem graça. Valeu muito mais pelas disputas Guerra ao Terror x Avatar, Bullock x Streep do que por seu conjunto. Um momento realmente emocionante foi a homenagem a John Hughes. Alguém sabia? Eu não. E fiquei tocado ao ver a Molly Ringwald no palco do Oscar (junto com um grisalhinho Matthew Broderick e logo depois com Jon Cryer, Anthony Michael Hall, Ally Sheedy, Judd Nelson – já falei que eu amo Clube dos Cinco? – e Macaulay Culkin, que até lendo teleprompter parece caricato, né?). Foi o ápice da festa.
O In Memoriam com James Taylor tocando “In My Life”, dos Beatles, foi bem bonito também, mas por que esquecer Farrah Fawcett, uma atriz, e lembrar de Michael Jackson, um cantor que já atuou? As canções foram limadas – acho que isso só aconteceu uma vez -, mas as trilhas ganharam balés. Balés que deveriam ganhar o Oscar de melhor desassociação já que não faziam esforço algum para representar seus filmes. Mas associação não faltou na noite. A direção da festa fez algumas bem óbvias: Tom Ford apresentando os figurinos e Barbra Streisand anunciando o prêmio para Kathryn Bigelow. Cadê o mistério?
A melhor coisa da festa do ano passado foi cortada pela metade: os padrinhos para anunciar os atores só foram usados para as categorias de protagonistas. Os coadjuvantes não tiveram o mesmo direito. E ainda teve mudança. Em vez de ex-premiados no mesmo quesito, amigos e colegas apresentaram os indicados. Quando eram amigos de outras épocas, como Michelle Pfeiffer falando de Jeff Bridges, Tim Robbins anunciando Morgan Freeman e Forrest Whitaker anunciando Sandra Bullock, as coisas funcionavam melhor. Quando eram parceiros de elenco, não eram tão legais assim.
Cortar Lauren Baccall e Roger Corman da cerimônia, concedendo aos dois uma pontinha ridícula, foi grotesco. É como negar a história de Hollywood. Melhor foi reparar nas roupas moças. Minhas favoritas: Demi Moore, Kate Winslet e Penélope Cruz, que semper acerta (ou que naceu certa?). Os cenários do ano passado eram mais bonitos, pareciam menores, mais acolhedores. Neste ano, tudo voltou a ser o que era. Ficou chato, como a piada sem graça do Tyler Perry. Ainda bem que Steve e Alec voltavam de vez em quando, como na deliciosa brincadeira com Atividade Paranormal.
Melhor do que qualquer prêmio para Avatar foi ver Ben Stiller maquiado de Na’vi, um dos momentos mais divertidos da noite (bem melhor do que a caracterização sem graça como Joaquin Phoenix no ano passado). É, no geral, a festa foi fraca. E com vários problemas técnicos, como quando, logo no começo, James Cameron apareceu literalmente apagado (alguém explicou se era pra ser metáfora?) e Taylor Lautner surgiu na tela em pleno crepúsculo (ok, essa foi pior do que a do Tyler Perry). O conjunto foi bem aquém da noite divertida do ano passado. Pelo menos os vencedores do Oscar 2010, a festa em que o “and the Oscar goes to” foi aposentado, foram melhores.
Teve, sim, mas numa cerimôpnia prévia. Ganharam a Lauren Baccall e o Roger Corman, que fizeram uma ponta na festa principal. Vergonha.
Chico, esse ano não teve aquele Oscar honorário não? Eu acho aquilo tão importante, ainda mais porque o último “justiçado” foi o Ennio Morricone.