Felipe Hirsch sempre fez um teatro visual. A utilização de sobreposições, telões, projeções fez o diferencial de seus espetáculos. Em muitos casos, como em A Vida Cheia de Som e Fúria ou Memória da Água, a inserção de elementos visuais em cena é fundamental para o estabelecimento da linguagem do autor. Então, por qual motivo uma peça que se chama Cinema se afasta justamente dessa proposta? O novo espetáculo de Hirsch, um autor talentoso, é uma experiência cansativa e pouquíssimo visual como o título pode sugerir. Os quinze atores que integram o elenco se revezam, interpretando vários personagens, no cenário, que reproduz a plateia de cinema.
O trabalho ganhou publicidade porque tem no elenco a atriz Beatriz Bartú (a atriz da foto acima), que interpretou o bebê Heleninha na novela Bebê a Bordo.
O espectador da peça ocupa a função de tela de cinema. A permuta funciona na proposta, mas é meio ingênua – e enfadonha no geral. Hirsch opta pelo minimalismo, tanto no texto (essencialmente gags) quanto no visual. É uma espécie de O Baile, de Ettore Scola, versão teatro. Alguns momentos são engraçadinhos, mas nada funciona de verdade, embora o autor passeie pelos mais variados gêneros (até o gore é lembrado) e faça uma porrada de referências cinematográficas (a maioria, meio óbvia: Woody Allen, Godard e Buñuel, numa citação explícita a O Anjo Exterminador). Referências essas no áudio original de vários filmes. O resultado é mais curioso do que necessariamente bom.
Cinema
[Cinema, Felipe Hirsch, 2010]
Seu blog é interessante, cheguei aqui via twitter. Felipe Hirsch me interessa bastante.
Abs do Lúcio Jr.