Os poemas que a protagonista deste filme compôs com tanta espontaneidade e inocência provavelmente nunca serão lidos. Essa provocação de Chang-dong Lee, um dos diretores mais badalados da atual safra do cinema coreano, deixa ainda seu longa ainda mais melancólico. À primeira vista, este filme parecia mais um daqueles orientais dedicados a investigar a beleza da pureza e coisa e tal, mas Poesia vai além do que o título sugere. Embora haja bastante gordura em seus 140 minutos, o filme consegue fazer uma ponte eficiente entre as duas linhas narrativas percorridas pela personagem – vivida por uma tocante Jeong-hie Yun – seu curso para escrever poemas e seu movimento para encobrir os pecados do neto. Somos levados a acompanhar Mija em sua rotina cíclica e desinteressante, passando por seu grupo de poesia até sua inesperada cantoria num karaokê. O ritual da personagem parece ser o da transição: ela, mesmo que inconscientemente, nos prepara para a mudança de tom no final, uma bela surpresa num filme pequeno diante da obra do diretor.
Poesia
[Shi, Chang-dong Lee, 2010]
This is amazing!
Esse é o primeiro Chang-dong que eu vejo e e gostei muito da forma como o diretor costura uma história com vários desdobramentos que se unem muito bem no final, com muita coesão. E Natalie Portman tem uma séria rival como melhor atriz do ano (e olha que eu não vi Cópia Fiel ainda).
Quero muito ver esse filme, mas não encontro em lugar nenhum.
=1