Glenn Close, Mia Wasikowska, Janet McTeer

O que pode ser mais contraditório do que um filme sobre travestismo que evita conflitos de todas as maneiras que consegue? Esse é Albert Nobbs, uma chatice só. Um filme que se baseia na pena que devemo sentir de sua protagonista, mas que nunca estabelece enlaces dramáticos substanciais o suficiente para que o espectador se envolva com a história. É lamentável porque se trata de um projeto pessoal de Glenn Close, que interpretou o texto no teatro há 30 anos, e que, além de interpretar a protagonista, produziu, escreveu o roteiro e até assina a canção-tema, na voz de Sinéad O’Connor.

No entanto, o que impera é a burocracia, seja no texto quadrado, que não se furta de recorrer a clichês como o destino final da personagem de Mia Wasikowska, mas cujo principal pecado é não invadir o universo da personagem. O cineasta Rodrigo García parece ligar o piloto automático: não oferece qualquer contribuição com sua direção preguiçosa. É um filme sem autoria, apático, que dá a volta para evitar embates, que nunca assume a discussão de seu tema espinhoso. Parece ter vergonha do que é.

Glenn Close e Janet McTeer, duas boas atrizes, têm um problema sério na composição das personagens: a voz. Não existe um trabalho vocal adequado para convencer o espectador. Isso incomoda bastante. Alguns atores, entre eles Close, nem se esforçam para entregar um sotaque irlandês decente. De longe, a melhor coadjuvante do elenco é Pauline Collins, a dona do hotel, uma velha safada e ligeiramente amoral. A única com espírito, justamente o que falta a Albert Nobbs.

Albert Nobbs EstrelinhaEstrelinha
[Albert Nobbs, 2011, Rodrigo García]

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