Uma conspiração silenciosa. Uma vingança calculada. As Damas do Bois de Bologne (45), de Robert Bresson (que tem por base o texto de Diderot), mostra um diretor contaminado pelo cinema que se fazia na França à epoca. As imagens do filme nos remetem a parte da cinematografia de Jean Renoir ou Marcel Carné, o clima onde os personagens estão envoltos nos leva a Jean Cocteau, autor dos belos diálogos da obra.
Por sinal, Maria Casarès, a “Morte” de Cocteau, é a protagonista deste filme. Protagonista perfeita: uma mulher que manipula as vidas de três pessoas pelo simples prazer da vingança. Sua interpretação é de raro equilíbrio entre a vilania e a suavidade. Casarès conduz o filme, dando-lhe um leve toque macabro. Filme que, apesar de se inserir no contexto do estudo de Bresson sobre o comportamento humano, parece à parte em sua filmografia, tomada por dramas com temática mais social.
As Damas do Bois de Bologne
[Les Dames du Bois de Boulogne, Robert Bresson, 1945]