É impossível negar que há méritos notáveis em Borat, mas o falso documentário não raramente se afoga no mesmo mar de situações que pretende denunciar. Incomoda um pouco a premeditada falta completa de escrúpulos, que, apesar de ter, talvez, motivações exatamente contrárias, rende episódios misóginos, racistas e de intolerância, que, sob a égide do engraçado, sarcástico, irônico e jocoso, ganha sua justificativa. O vale-tudo a que o filme se propõe abre espaço, já de início, para a idiotização de um povo e de uma cultura. Há cenas geniais, como a do discurso no meio do rodeio ou a do jantar, onde, aí sim, de verdade, Sacha Baron Cohen desconstrói certas lógicas do pensamento do norte-americano médio (e medíocre) colocando esse norte-americano em suas próprias armadilhas, mas há episódios desnecessários e de mau gosto como boa parte das citações sexuais, que de tão assumidamente estúpidas perdem o efeito, ou a entrevista com as feministas. Em certo ponto, os efeitos do filme guardam certas semelhanças deploráveis com os do cinema de Michael Moore, que-deus-o-tenha, uma coisa tipo “o sujo falando do mal lavado” ou “os fins justificam os meios”. O humor fácil, que arrebata rapidamente, é um instrumento perfeito para uma crítica ácida, mas faz ressoar preconceitos às avessas.
Borat – o Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Casaquistão Viaja à América
[Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan, Larry Charles, 2006]
Eu, como muitas pessoas, acabamos querendo rever “filmes raros” internacionais como: O Chacal, Matilda, Esse mundo é um hospicio, A Escolha de sofia, Tango de Carlos Saura, Jesus de Nazaré de Franco Zefirelli, Mediterrâneo, O Céu de Outubro e outros por falta de opção de filmes melhores atuais.
Esses que citei são alguns dos dvds raros que procuram em minha página.
Muita Paz e sucesso em sua carreira
Cordialmente
Emerson Pereira – http://www.emersonpereira.com.br/dvds.htm
Acho que o filme tem grandes méritos. Enquanto Borat se passa por um estrangeiro – uma personagem – ele vai conhecendo e conversando com várias pessoas tão loucas ou mais que ele – que não são meros personagens. Aí é que está a graça de tudo.
Ah, oi.
Rir de vc mesmo antes que outro o faça. Esta é a máxima judaica/iidiche/schlemil que pode ser traduzido por: piadas de judeus sim, desde que feitas por judeus.
sé em DVD mesmo… !
Oi, Chico!!!
Meu nome é Pierre, eu estava navegando por aí e me deparei agora há pouco com seu blog. Adorei suas resenhas!!
Resolvi incluir um link p/ sua página no meu blog. Qdo puder, dá uma olhadinha nele:
http://www.cinema-filia.blogspot.com
Grande abraço
Chico… casa nova. Reformando. Mas aberto e de volta!
Pra mim o maior mérito do filme é fazer as suas piadas racistas e misóginas exatamente para ‘pegar’ a parte do público (e de outros ‘personagens’ do filme) que concordam com elas, para logo depois dizer: THE JOKE IS ON YOU.
Não achei tão engraçado como eu esperava, pq eu tenho o péssimo hábito de ficar sem graça pelas pessoas, mas mesmo assim achei excelentes as críticas. A cena do rodeio é quase clássica.
Ê, politicamente correto!