[mostra de cinema de são paulo – boletim quatro]
[a estrada ]
direção: Jiarui Zhang.
Fang Xiang Zhi Lu, 2006. Primeiro, achei que era apenas mais um filme boboquinha chinês sobre pessoas comuns, disposto a mostrar a beleza das pequenas coisas da vida, com frases tipo “a flor da pereira é muito linda”. Mas o filme é uma surpresa é um dramalhão mexicano rodado em chinês (a trajetória de pequenas tragédias na vida da protagonista é impressionante; faltou alguém como um Manoel Carlos para dosar o sofrimento), cuja pior função é estar a serviço do governo da China. A cena final, que seria a justificativa do sacrifício, é o maior cala-boca conformista dos últimos tempos.
Com Yuan Nie, Wei Fan, Liu Fendou, Jingchu Zhang, Li Chunfang.
[as tentações do irmão sebastião ]
direção: José Araújo.
As Tentações do Irmão Sebastião, 2006. É a prova de que todo filme pode ser viabilizado. Radical, ele é. Ousado, também. Mas o adjetivo mais adequado para o longa é ruim mesmo. Ou abominável. Além de ser uma mistura de gêneros, de sexo e religião, de cristianismo e candomblé, tão mal resolvida quanto mal interpretada, encenada, escrita, é de um mau gosto estupendo em se tratando de suas imagens toscas e da direção de arte pulguenta. O objetivo parece ser chocar, provocar, mas a repulsa não é pela forma e, sim, pelo conteúdo.
Com Rodolfo Vaz, Marcus Miranda,Luthyane D Montmartre, Aury Porto.
[a audiência vai começar ]
direção: Vincenzo Marra.
L’Udienza è Aperta, 2006. O filme se anuncia como documentário sobre um processo ligado à Camorra, mas é mais sobre os bastidores do que outra coisa. A idéia certamente é mostrar o despreparo da assistente do juiz, a moral duvidosa do advogado de defesa dos assassinos e a estupidez do juiz, que me fez levantar da sala vinte minutos antes do final. Mas, eu pergunto, e aí, isso vale o quê?
[proibido proibir ]
direção: Jorge Durán.
Proibido Proibir, 2006. Sinceramente funcionaria melhor se não tivesse a vontade de ser importante enquanto denúncia. Toda a parte política, sociológica, inclusive as entrevistas mal inseridas no decorrer do filme, são muito menos interessantes (e muito menos ainda mal resolvidas) do que o triângulo a la Jules et Jim. No entanto, o desequilíbrio ainda assim é claro porque Alexandre Rodrigues está anos-luz abaixo de Maria Flor e Caio Blat, este muito bem. Por sinal, a relação da personagem de Blat com a paciente é a coisa mais legal do filme.
Com Caio Blat, Maria Flor, Alexandre Rodrigues, Edir Duqui.
[half nelson ]
direção: Ryan Fleck.
Half Nelson, 2006. Taí um filme que se aproveitou de um certo momento meu e se instalou. Acho que não que eu escreva aqui vá dar a dimensão de como o filme me atingiu. É extremamente simples, mas muito bem realizado, com soluções inteligentes de roteiro para apresentar, definir, aproximar personagens. Mas pode ser visto como se quiser. Não deixa de ser um filme de professor-alunos, embora eu nunca tenha visto um filme de professor-alunos igual a este. Não trabalha com redenção, mas é sobre aprender. É sobre salvar sem estar salvo. E, mais do que tudo, é um filme sobre solidão, isolamento, falta. Ryan Gosling está inacreditável. Excelente. Vai ser indicado ao Oscar. Bem triste, muito bom.
Com Ryan Gosling, Shareeka Epps, Anthony Mackie.
Todos os filmes da mostra vistos.
oi
Marfil, eu estou em todo lugar, não sou tão difícil de reconhecer. Já encontrei vários membros da liga. Mas eu não sei como te reconhecer.
Camila, eu acho o filme muito, muito ruim. E olha que eu gostei de “O Sertão das Memórias”.
Teco, o Daniel falou que te encontrou. Te procurei no “Volver” como a gente combinou, mas não achei.
Fernanda, portas abertas.
Marcelo, vou ver “Fica Comigo” amanhã. O filme tá bombado. Super concorrido.
Se eu tivesse pago para ver “A Estrada” (o primeiro filme que vi nesta Mostra), teria ficado tão puto quanto você. Como foi numa sessão gratuita, nem dei muita bola.
Aliás, se você ainda tiver tempo, fuja de “Fica Comigo”, do Eric Khoo. É ainda pior…
MUITOS filmes por aqui, gostei a beça!
Tentei te ligar, mas acho que você estava direto nos cinemas e seu telefone fora de área. Até ficava cuidando toda a vez que passava pelos cinemas para de repente te ver. Almocei no Frei Caneca, de olho no Espaço Unibanco, passei pelos cinemas da Augusta e pelo Conjunto Nacional, mas nem te vi… fica para a próxima. Bom resto de Mostra.
discordo frontalmente de sua opinião sobre o filme do zé araújo. com exceção da “interpretação” do exu, o filme é bem conduzido e interessante.
Acredita que tive pesadelos com o tresloucado Sebastião!? Credo em Cruz!!! Sai de retro!!!
Gostei bastante do “Half Nelson”, mas acho que o filme tem mais chances em roteiro. Vc viu esse filme no Reserva, Chico? Tá dificil de encontra-lo nessa MOSTRA…Posso continuar sonhando? Vi e não gostei de “Mary” nem de “A Promessa”. Mas adorei “Labirinto”. Confesso que esperava algo mais onírico, mas de qualquer forma…