Um ano e meio depois de ser exibido na Mostra de Cinema de São Paulo, Minha Felicidade finalmente chega ao circuito comercial. Uma estreia tardia, mas que já coloca o filme entre os melhores lançados neste ano. Quando o longa completou seus primeiros trinta minutos, eu imaginei que estava vendo uma pequena obra-prima, mas confesso que as reviravoltas que o diretor Sergei Loznitsa promove me confundiram tanto que essa impressão mudou bastante.
Mas foi por pouco tempo. O cineasta de primeira viagem nasceu na Bielo-Rússia, mas filma como os romenos que o mundo passou a celebrar nos últimos anos. A descida aos infernos do caminhoneiro Georgy é acompanhada pela mesma câmera naturalista dos colegas do Leste Europeu. Câmera que investiga os detalhes do cotidiano, que aqui são os encontros do protagonista com uma variada fauna de habitantes de uma região rural russa.
Embora transforme seu filme, a certa altura, num enigma, o diretor usa-o para investigar pequenas crueldades humanas e cria alguns momentos de beleza angustiante. A cena do encontro com a jovem prostituta, interpretada pela impressionante Olga Shuvalova, é antológica. A seqüência final, que define a trajetória do protagonista como uma prisão-labirinto, é, desde já, uma das porradas do ano.
Minha Felicidade
[Schastye Moe, Sergei Loznitsa, 2010]