Viagem Insólita

Não estava nos meus planos ver este filme. O tempo havia passado desde sua estréia, quando eu estava um pouco mais empolgado, e a vontade foi esfriando cada vez mais. Mas como eu perdi o horário do outro filme que iria ver, terminei meio “obrigado” nesta sessão. Tudo para não perder a viagem. Não perder a viagem foi o que Jodie Foster deve ter pensado quando aceitou fazer o longa, o primeiro depois do longínquo Quarto do Pânico (2002), de bobagem de tensão de David Fincher. De certo modo, Jodie fez um filme com algumas semelhanças com seu último trabalho.

O grande mérito de Plano de Vôo é explorar a claustrofobia do pouco espaço para se aventurar pela paranóia, que ganha cada vez mais defensores nos Estados Unidos. A paranóia como filosofia de vida. Enquanto a personagem de Jodie é louca do avião, em busca de sua filha imaginária, sob os olhares e comentários desconfiados de seus colegas de vôo, o filme guarda certo interesse. Mesmo diante de sua limitadíssima capacidade como atriz (que se resume em três ou quatro expressões e uma testa franzida para todo o sempre), Jodie dá algum crédito a mãe louca que interpreta.

O problema é o que vem depois. A reviravolta da história é tão displicente que as personagens são viradas pelo avesso sem qualquer registro do que os atores tinham feito até então. O caso grave é o de Peter Sarsgaard, coitado, um ator eficiente que se meteu numa tranqueira truncada. Depois desta virada, tudo é muito fácil, previsível (inclusive a atual tendência do cinema norte-americano de permitir ao herói um assassinatozinho porque ninguém é de ferro) e toscamente resolvido.

Plano de Vôo
Fightplan, Estados Unidos, 2005.
Direção: Robert Schwentke.
Roteiro: Billy Ray e Peter A. Dowling.
Elenco: Jodie Foster, Peter Sarsgaard, Sean Bean, Marlene Lawston, Kate Beahan, Matthew Bomer, Erika Christensen, Assaf Cohen, Shane Edelman, David A. Farkas, Mary Gallagher, Christopher Gartin, Michael Irby, Andray Johnston, Jana Kolesarova, Forrest Landis, Judith Scott.
Fotografia: Florian Ballhaus. Montagem: Thom Noble. Direção de Arte: Alec Hammond. Música: James Horner. Figurinos: Susan Lyall. Produção: Brian Grazer. Site Oficial: Plano de Vôo.Duração: 98 min.

nas picapes: Same In Any Language, da trilha sonora de Tudo Acontece em Elizabethtown.

Comentários

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4 comentários sobre “Plano de Vôo”

  1. Eu odeio o “Se7en”, filme prejudicial, do mesmo nível de “Saw” e afins; “Clube da Luta” eu acho apenas boboquinha. “O Quarto do Pânico”, por mais que seja fraco, me parece o mais honesto de todos, de longe.

  2. Quando eu saí de PLANO DE VOO eu achei o filme ótimo. Curti pra caramba. Mas é o tipo de filme que acabou se apagando um pouco da memória afetiva. Mas gosto dele.. Uma espécie de A DAMA OCULTA do século XXI (e sem Hitch).

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