Planeta Vermelho
[Red Planet, Antony Hoffmann, 2000]
Planeta Vermelho é uma bela surpresa. Baseado em idéias que parecem cientificamente bem palpáveis (mesmo que não sejam), abre mão de vários lugares comuns sobre Marte e lança o foco nos integrantes de uma missão tripulada ao planeta. Escorado num bom conflito entre os personagens, fica bem além da expectativa.
Reino de Fogo
[Reign of Fire, Rob Bowman, 2002]
Já Reino de Fogo, tão elogiado aos quatro ventos, não é tão bom quanto se pretende, mas não deixa de ser uma bela diversão. Seu maior mérito é mergulhar sem concessões na fantasia de um mundo com dragões, demonstração de coragem. Seu maior defeito é, muita vezes, parecer uma versão reloaded de Mad Max (George Miller, 79). O saldo é animador, mas a dupla de protagonistas poderia ser mais eficiente.
Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra
[Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, Gore Verbinski, 2003]
Johnny Depp tem toda uma aura em torno de si mesmo, mas é um ator visivelmente limitado a uma série de trejeitos recorrentes. Sua interpretação afetada em Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra não guarda tantas diferenças dos personagens que viveu em Ed Wood ou A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (ambos Tim Burton, 94 e 99). O filme em si é divertido, mas vira pó assim que os créditos sobem. E Orlando Bloom comprova que, sem uma direção boa, ele não funciona.
Homens de Preto II
[Men in Black II, Barry Sonnenfeld, 2002]
Homens de Preto II, este sim, é bem engraçado. Apesar de reprisar piadas, Barry Sonnenfeld consegue bons momentos. A vilã de Lara Flynn Boyle parece saída daqueles filmes de ficção-científica trash dos anos 70. Uma delícia à parte.
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
[Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, José Mojica Marins, 1967]
E Zé do Caixão é filosofia pura. Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, o segundo filme do personagem, viaja sobre questões tão amplas quanto culpa e pureza. José Mojica Marins criou um personagem que vai muito além da imagem demoníaca: é um idealista, um sonhador, um visionário. O filme sofre, obviamente, da falta de profissionalismo da maioria dos atores e da rendição redentora cristã, mas suas qualidade superam e muito seus defeitos.
Ringu
[Ringu, Hideo Nakata, 1998]
Agora, assistir a Ringu deixa claro que seu refilmagem nos Estados Unidos, apesar de eficaz, é cópia simples e pura. Há cenas em que os planos parecem os mesmos do que os criados para o filme japonês. Este original não assusta mais nem menos que o remake, o que pode ser considerado um problema, mas não deixa de ser um bom filme.
Scanners – Sua Mente Pode Destruir ½
[Scanners, David Cronenberg, 1981]
É impressionante perceber que um filme feito há mais de vinte anos, como Scanners, de David Cronenberg, resiste ao tempo apesar das restrições técnicas que claramente teve. Hoje, com tecnologia e dinheiro a seu favor, o cineasta canadense poderia fazer misérias com a proposta que o filme lança. Misérias no bom e no mau sentido já que muito do charme da história dos telepatas e telecinéticos imaginados por Cronenberg reside nas imperfeições que o filme permite. Algumas até de roteiro, que, por vezes, parece escrito às pressas. Nada que macule a atmosfera de terror absoluto criada pelo diretor.
Regras da Atração
[The Rules of Attraction, Roger Avary, 2003]
Por fim, Regras da Atração sofre do mal do cinema de edição rápida, base de sua narrativa para investigar retalhos das vidas dos jovens atuais. Roger Avary utiliza várias idéias roubadas de filmes como Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 94), que co-escreveu, e Trainspotting (Danny Boyle, 96), mostrar o caos de propósitos que é a cabeça de um universitário norte-americano. O filme é retórico, não se resolve e artificializa os personagens, que para o diretor e para o cara que escreveu o livro em que ele se baseou (sim, há um livro) estão fadados a um destino reservado para cada estereótipo.