A cinematografia iraniana talvez tenha sido a mais uníssona da última década. O cinema, quem diria, virou moda no país de Khomeini. A temática é cara a quase todos os cineastas que se destacam, do consagrado Abbas Kiarostami, que ficou na coluna do meio com seu clássico Através das Oliveiras a Jafar Panahi, que triunfou com seu difícil e bonitinho O Balão Branco. O foco é o dia-a-dia, a vida das pessoas simples do Irã. Tudo amarrado por uma narrativa que se aproxima do neo-realismo italiano pela estética nua e que muitas vezes se aproxima da metalinguagem.

Apesar de boas surpresas, os cineastas iranianos pecam pelo marasmo criativo. Os filmes se parecem muito uns com os outros, quando não soam experimentalismo puro, estética do choque. Quem consegue fugir disso é Mohsen Makhmalbaf, que não passou seu talento para a filha Samira. Em O Silêncio, Um Instante de Inocência e, sobretudo, Gabbeh, Mohsen une poesia e forma, criando obras admiráveis, que terminaram não dando sucessão a outros bons filmes na obra do cineasta. O realizador que mais poderia ser tido com sucessor de Makhmalbaf é Majid Majidi.

Majidi é um cineasta iraniano clássico. Conta histórias pequenas, de gente simples, explora o dia-a-dia. Mas sabe fazer filmes delicados. Seu melhor filme se chama Filhos do Paraíso, a história do menino que tem seus sapatos roubados e passa a dividir um único par com a irmãzinha. Fez um filme doce, triste e sem excessos. Baran, seu último trabalho, segue a linha da história bonitinha. Conta a de um pedreiro que se apaixona por um novato que aparece na construção e que guarda um segredo. Passo a passo, Majidi apresenta seus personagens. Sem pressa, com paciência. Envolve o espectador com a pequena história, mostra as dificuldades de seus personagens. Mas nunca passa do bonitinho. A fórmula de Baran é a mesma.

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[Baran, Majid Majidi, 2001]

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