Graciliano Ramos leva a aridez do sertão onde viveu para as páginas de seus livros e para as vidas de seus personagens. Transportar isso para o cinema pode ser perigoso e difícil, mas Nelson Pereira dos Santos fez um Vidas Secas (63) impecável e Leon Hirszman repetiu o êxito em São Bernardo (72). A relação do casal interpretado por Othon Bastos e Isabel Ribeiro é tomada pela aspereza. Na fazenda São Bernardo, cada não intenção ganha grandes proporções e se converte na fúria demolidora de Paulo Honório (defendido com crueldade por Othon Bastos) sobre a esposa Madalena (com uma Isabel Ribeiro de feições duras, mas quase blasé). O duelo entre os dois atores, quase escondido, domina o filme e conduz a narrativa, fotograda em quadros grandes e imóveis que revelam a solidão e a tristeza dos personagens.
São Bernardo
[São Bernardo, Leon Hirszman, 1972]