Não há palavras no filme de estréia de Renato Falcão. Nenhuma sequer. A Festa de Margarette é um filme mudo, em pleno século 21. A condição tem mérito pela ousadia, mas reserva ao longa uma carreira em circuito fechado. Havia apenas 8 pessoas na sessão, onde eu vi A Festa de Margarette, no Unibanco Arteplex. Duas velhinhas não estavam preparadas e saíram da sala passados os primeiros quinze minutos.
O filme começa encantador, sobretudo para os amantes do cinema. A bela fotografia em preto-e-branco e a música composta pelo ator principal conduzem quem vê o filme num mergulho nostálgico pela poesia de imagens de Chaplin ou de Murnau. Mas o encantamento não resiste à ingenuidade do roteiro, que parece tolo demais para ter sido escrito nos dias de hoje. O esforço para conseguir a beleza inocente parece muito árduo e o filme fica cansativo e com poucos momentos de verdadeira magia chaplianiana, o que parece ser o objetivo inicial. Ainda assim é único na cinematografia atual. Hique Gomez (e seu rosto bobão e sua trilha bonita) é o que não deixam o filme perder sua simpatia.
A Festa de Margarette ½
[A Festa de Margarette, Renato Falcão, 2002]