As relações familiares, segundo Axelle Ropert. A diretora estreante demonstra uma maturidade fora do comum para compor um painel dos Wolberg, a família do prefeito de uma pequena cidade no interior da França. O patriarca, que ganha vida nas mãos do excelente François Damiens, é um homem de oratória sedutora, cujo maior talento é o de arquiteto das palavras. Na vida pública, sua habilidade funciona em favor de sua carreira, mas sua tendência a centralizar o poder causa atritos dentro de casa. Com um plot destes, Ropert poderia seguir caminhos fáceis, mas ela emoldura a relação de Simon Wolberg com cada um de seus próximos com materiais mais consistentes e, como os personagens nunca caem na caricatura, mesmo com esses atritos sobra amor entre os membros da família. O filme foge completamente do que se pode esperar dele, seja nos diálogos excepcionais, ou na construção das cenas, em que a diretora compulsivamente desvia o foco principal para assuntos mais íntimos e segredos dolorosos. Sempre com suavidade. Ropert sabe como poucos introduzir revelações.
A Família Wolberg
[La Famille Wolberg, Axelle Ropert, 2009]