Escudo de Palha

O que sobrou dos rígidos princípios éticos da sociedade japonesa depois da crise econômica que o país vem passando nos últimos anos? O que sobrou do espírito japonês com a cada vez mais crescente perda de identidade de seu povo para o mundo globalizado? Estas parecem ser perguntas que Takashi Miike faz em Escudo de Palha, filme, que disfarçado de longa de ação, parece um estudo do comportamento de uma sociedade. O cineasta parte de um plot simples: um senhor riquíssimo oferece uma recompensa bilionária para que qualquer pessoa mate o homem que assassinou sua neta de sete anos. O acusado se apresenta à polícia e precisa ser escoltado por um grupo de cinco agentes de Fukuoka até Tóquio. Uma jornada para salvar a vida de um criminoso onde os próprios policiais colocam em xeque sua missão e suas convicções.

Miike, um diretor que alterna filmes sensíveis e de timing certeiro com violência plástica e cinema para ser consumido rapidamente, aqui encontra um ponto de intercessão entre todas estas vertentes. Escudo de Palha trabalha no gigantismo e nos detalhes. As cenas de ação, ininterrupta, em sucessão, numa escala enorme, que parece inédita em sua extensa cinematografia. A sequência do engarrafamento de viaturas e da chegada do caminhão é apoteótica, enquanto as cenas do trem bala aproveitam a alta velocidade para não dar respiro ao espectador. No entanto, o diretor reserva bastante espaço para trabalhar cada um dos personagens, revelar sua motivações e suas dualidades e, a partir daí, espalhar várias versões do conceito de justiça e mostrar as deturpações morais que enxerga em seu país.

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[Wara no Tate, Takashi Miike, 2013]

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