Jovem e Bela

A adolescência é um período cheio de mistérios e François Ozon decidiu respeitá-los em seu último filme. Em vez de procurar desvendar estes enigmas, o diretor prefere usá-los para seduzir o espectador. A estrutura de Jovem e Bela, dividido nas quatro estações de um ano, não acrescenta muito a esta investigação sobre a sexualidade juvenil, embora este seja o melhor filme que o cineasta dirigiu nos últimos oito anos. Se o parisiense parece não ter encontrado uma moldura muito original para contar sua história – o corte em capítulos é lugar comum, inclusive -, sua reflexão sobre os dilemas de uma garota de classe alta que descobre as possibilidades de seu próprio corpo ganha ares existencialistas.

A protagonista é Isabelle, uma jovem de 17 anos que decide se transformar numa prostituta de luxo sem um motivo aparente. Diante de um ponto de partida como este, a opção mais lógica seria montar um mosaico de situações para identificar os motivos da personagem, mas Ozon rejeita esta fórmula. O espectador acompanha a protagonista durante um ano, conhecendo suas dúvidas e curiosidades, mas o diretor nunca impõe uma verdade para aquela adolescente. Parece querer descobrindo, junto com, ela, quais são seus desejos. Não existe questão social ou econômica envolvida, o que torna a trilha seguida pela protagonista mais sedutora. Tanto quanto a própria.

A modelo Marina Vacht, estreante, impressiona pela beleza e por conseguir traduzir tanto a frigidez quanto a fragilidade da personagem. Sua Isabelle parece querer experimentar. Assim como Ozon. Ele se utiliza de uma embalagem de suspense psicológico ajuda a manter a tensão e insinuar repostas, mas recusa a maneira mais fácil de conduzir a história. O espectador mergulha no universo complexo da protagonista, mas nunca tem real acesso a ela. O diretor parece usar Isabelle como porta-voz de uma geração confusa que não sabe ou não quer se comunicar.

Jovem e Bela EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[Jeune & Jolie, François Ozon, 2013]

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