“Perdão, eu não fiz nada”
A linhagem da qual
Hotel Ruanda faz parte geralmente produz filmes muito chatos, dispostos a “passar a limpo” a história. Há uma meia dúzia de longas sobre o apartheid da África do Sul, por exemplo, que enchem mais o saco do que são necessariamente interessantes enquanto filmes. O último trabalho de Terry George segue essa proposta, denunciando a omissão do mundo frente ao massacre de um milhão de pessoas em Ruanda, no início dos anos 90, mas, mesmo com essa contaminação de filmes-expiação não pode ser chamado de mau cinema. George consegue imprimir um ritmo eficiente de thriller ao filme, que é tenso durante boa parte da projeção, embora nunca consiga o impacto que pretende. Don Cheadle, grande ator que deveria ter concorrido ao Oscar desde
O Diabo Veste Azul (Carl Franklin, 1996), segura bem o papel, apesar do bom mocismo às vezes exagerado de sua personagem. Não vou nem entrar no mérito da importância histórica ou social do filme, nem no burocrático, que muitas vezes parece querer tomar conta da história.
Hotel Ruanda funciona quando se resume a contar uma história (ou uma versão dela), mas se embola feio quando se mostra como pedido de desculpas.
Hotel Ruanda
Hotel Rwanda, Estados Unidos/Itália/África do Sul, 2004.
Direção: Terry George.
Roteiro: Keir Pearson e Terry George.
Elenco: Don Cheadle, Sophie Okonedo, Desmond Dube, Hakeem Kae-Kazim, Tony Kgoroge, Neil McCarthy, Nick Nolte, Fana Mokoena, Lebo Mashile, Antonio David Lyons, Leleti Khumalo, Kgomotso Seitshohlo, Lerato Mokgotho, Mosa Kaiser, Mathabo Pieterson, Ofentse Modiselle, David O’Hara, Joaquin Phoenix, Lennox Mathabathe, Mothusi Magano, Jean Reno, Rosie Motene.
Fotografia: Vincent G. Cox e Robert Fraisse. Montagem: Naomi Geraghty. Direção de Arte: Johnny Breedt e Tony Burrough. Música: Rupert Gregson-Williams, Andrea Guerra e Martin Russell. Figurinos: Ruy Filipe. Produção: Terry George e A. Kitman Ho. Site Oficial: Hotel Ruanda. Duração: 121 min.
nas picapes: Million Voices, Wycleaf Jean.
Comentários
comentários
O Don Cheadle está brilhante em O Diabo Veste Azul.
Não tenho a menor vontade de ver. Gosto muito do Carl Franklin, ainda não vi “O Diabo…”.