Para Jorge Luís Borges, não há nada que possa separar dois irmãos que se amam. O universo do conto de Borges foi transferido com competência para os pampas gaúchos no fim do século XIX por Carlos Hugo Christensen. A relação entre os personagens de José de Abreu e Arlindo Barreto neste filme é de mutualismo: um se alimenta do outro. Da alma do outro. Quando a intrusa Maria Zilda aparece, uma relação perfeita é ameaçada. Os irmãos não precisam de nada externo a seu universo, mas o mistério e a ingenuidade fascinam os dois irmãos. A presença incomoda e atrai, mas ela só existe se for compartilhada pelos dois. Desequilíbrio não é tolerado. Tema difícil de ser explorado, mas feito aqui com harmonia e uma delicadeza bruta, embalado pela belíssima música de Astor Piazzolla.
A Intrusa ½
[A Intrusa, Carlos Hugo Christensen, 1979]
Excelente post, muito bem escrito.