A Marcha dos Pingüins é um filme fofo. Esta é sua maior qualidade; esse é seu imenso defeito. Qualidade porque foi esta característica que fez sua fama, que conquistou seu público, que buscou a aproximação. Acho louvável que um diretor procure causar identificação com o espectador. Mas este mérito no documentário de Luc Jacquet não cruza a sala-de-estar. Desde os primeiros momentos em que as vozes dos dos pais pingüins entram em cena, entramos em contato com um dos textos mais piegas dos últimos tempos, um texto quase vergonhoso, embalado numa trilha sub-Björk sem a mínima graça (e com trechos letrados dolorosos).

A própria natureza do ciclo de reprodução dos pingüins já tem drama suficiente para emocionar o público. Tudo é tão bonito, as imagens são tão fortes. Os pezinhos para cima e tudo. Para que então o artifício de “humanizá-los”? É de lascar. Ainda mais quando a intenção é de coopção total, sem retorno, sem alternativa de fuga. No início, eu ainda achei que o resultado seria algo como em Benji, o que já não teria tanto crédito, mas a coisa fica pior porque o roteiro não tem a mínima vergonha de apelar no melhor estilo novelão mexicano. Eu, se fosse um pingüim imperador, me sentiria insultado.

A Marcha dos Pingüins
[La Marche de L’Empereur, Luc Jacquet, 2005]

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19 comentários sobre “A Marcha dos Pingüins”

  1. Pensei também que as musicas fossem de Bjork, mas não são…são de outra cantora…De qualquer forma, achei o doc bonitinho, principalmente a fotografia…Soube que agora ele vai de lobos…

  2. Olá chico!!!

    pensei que eu e davi estávamos pirados quando escrevemos sobre
    ” como não gostamos desse filme fofo…”
    convite pra ler nosssa crítica, concordo com TUDO dito no post.
    abraços
    iris

  3. Chico, só uma coisinha: o link que vc colocou pra sua página no orkut está apontando para a Home (que acaba sempre caindo na home de cada usuário que acessa o Orkut), e não para o seu perfil, ok?

  4. A versão americana, sem as “vozes” dos animais mas com a narração do Morgan Freeman, deve ser bem melhor.

    Mesmo assim, gosto da trilha sonora e acho as imagens fortes e quase resistentes à toda a narração babaca.

    No mais, o filme bate na tecla do sofrimento dos bichos porque eles sofrem pra caramba mesmo, oras.

    Mas se querem um grande documentário sobre aves, aluguem Migração Alada, este com imagens mais impressionantes ainda e sem problemas com texto piegas.

  5. Acho que o texto se torna intragável apenas quando (quase sempre, na verdade) quer enfatizar – desnecessariamente, já que é o que você disse: as imagens sozinhas já dão conta de nos mostrar o quanto é dura a existência dos bichinhos – o sofrimente dos pinguins, e bater nessa tecla incansavelmente, a qualquer custo.

    Agora, sou a favor da idéia de fantasiar a cosia toda, criar falas, torná-los ainda mais fofos. Acho que o filme tem méritos aí, afinal é espantosamente menos chato do que deveria ser.

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