Tony Kaye é o típico cineasta de um filme só. A Outra História Americana é seu único longa. Seu trabalho seguinte não chegou a ser lançado nem nos EUA. Kaye nem precisaria fazer outro filme. Este aqui já é para uma vida toda. Seus detratores o acusam de abusar da linguagem de videoclipe na câmera lenta e no clichê do flashback em preto-e-branco, mas A Outra História Americana reúne os lugares comuns e os transcende, sobretudo por causa da surpreendente doçura que o diretor empresta a uma história cheia de ódio. As cenas são feitas com precisão e com intensidade. O impacto é absorvido pelo espectador nas seqüências de violência e nas discussões de família.

Apesar de toda a competência técnica o envolvendo, o mérito maior deste filme é de um jovem ator chamado Edward Norton. Fazer o papel de um neonazista pode parecer muito fácil: uma conjunção de caras e bocas e um jeito de mau. Norton faz isso tudo e foge, absolutamente, de tudo o que pode ser entendido como chavão. A transformação de sua personagem, que transita com facilidade entre a ira e a delicadeza, é impressionantemente natural, como se fosse conduzida por uma melodia. Esse detalhe conduz toda a narrativa: o crime, a prisão, a vida da família, a volta para casa. Tudo costurado com cuidado e sem concessões. E Norton está bem acompanhado: Beverly D’Angelo e Jessica Lien são contrapontos perfeitos para seu papel. E Edward Furlong é a mais grata surpresa do elenco. O melhor de tudo é que, apesar de ser um filme com mensagem, A Outra Face Americana nunca é óbvio (por sinal, é muitas vezes surpreendente), o que já é um ponto a favor no cinema atual.

A Outra História Americana EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[American History X, Tony Kaye, 1998]

Comentários

comentários

Um pensamento sobre “A Outra História Americana”

  1. Depois que assisti este filme, quis saber tudo que o Edward Norton fez (filmes) e ele não decepciona, quer dizer só com o Hulk, mas de qualquer forma, ele dá conta do recado e surpreende sempre. Em As duas faces de um crime, ele é simplemente sensacional, o filme vale por sua interpretação.

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