Se existe algo valoroso a se dizer sobre Angel é como o filme de François Ozon é radicalmente fiel a seu projeto. Em seu mais arriscado trabalho até então, o cineasta comprou um “pacote fechado” e se dispôs a fazer seu novelão kitsch sem quaisquer concessões, uma versão audiovisual daqueles romances femininos de banca de revista (Julia, Sabrina e Bianca). Ozon, em seu primeiro filme rodado em inglês, trabalha com atores consagrados com Sam Neill e jovens promessas, como a protagonista Romola Garai e o galã Michael Fassbender. Filma, monta e musica seu longa como uma minissérie de época rodada nos anos 80, com uma direção de arte escandalosamente exagerada e cujos atores estão devidamente orientados para interpretar num tom a mais já que estão vivendo personagens extremos. O problema é que o material original tem uma qualidade tão questionável e é tão de mau gosto que o esforço parecia funcionar melhor na ideia do que na prática.
Angel ½
[Angel, François Ozon, 2007]