BEM ME QUER, MAL ME QUER

Chega, né? Tá bom de achar que filme francês sempre é melhor do que o resto do que é produzido no mundo. Bem Me Quer, Mal Me Quer é o exemplo claro de que nem tudo que reluz vem da terra de Godard. A fórmula é a seguinte: pegamos uma história de amor doentio e colocamos uma reviravolta na trama. Como é filme francês, todo mundo vai achar que foi um golpe genial. Podemos nos aprofundar nas maluquices que o amor faz Audrey Tautou cometer. Isso deixa o filme com ares de estudo psicológico, o que é muito importante, talvez até necessário, para o cinema francês. Tautou no elenco, por sinal, é outra jogada de mestre. Vendemos o filme como uma deliciosa comédia romântica ou um simples filminho de amor para que o espectador chegue ao cinema despreparado para o que vai ver na tela. A Amélie Poulain é um disfarce maravilhoso. Marketing é o segredo.

Mas deixa eu te contar um segredo: Bem Me Quer, Mal Me Quer é muito ruim. Ruim porque a psicologia do filme é mais barata do que pãozinho francês dormido. Psicologia de botequim. A primeira parte do filme é tão mal escrita e desleixada que chega a irritar. Personagens ocos e rasos e nenhum aprofundamento na loucura, o que pretende ter. Os risíveis buracos no roteiro feitos para que a reviravolta chegue toda amarradinha são de amargar. É só prestar atenção. Tautou, boa atriz nas horas vagas, esqueceu de que o clichê pode enterrar uma reputação. Está totalmente previsível em suas passagens da fofinha à louquinha. O filme da diretora estreante Laetitia Colombani tem um problema muito grande e cada vez mais repetitivo: querer ser importante. Isso, quase sempre, estraga tudo.

Bem Me Quer, Mal Me Quer
À la folie… pas du tout, França, 2002.
Direção: Laetitia Colombani.
Elenco: Audrey Tautou, Samuel Le Bihan, Isabelle Carré, Clément Sibony, Sophie Guillemin, Eric Savin, Michèle Garay, Elodie Navarre, Catherine Cyler, Mathilde Blache, Charles Chevalier, Michael Mourot, Yannick Alnet.
Roteiro: Laetitia Colombani e Caroline Thivel. Produção: Charles Gassot. Música: Jérôme Coullet. Fotografia: Pierre Aïm. Edição: Véronique Parnet. Direção de Arte: Jean-Marc Kerdelhue. Figurinos: Jacqueline Bouchard.

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