Bravura Indômita é, em sua essência, o embate entre velho e novo. Em todos os aspectos, sob todos os prismas. Para começar a história é sobre uma adolescente que contrata um policial beberrão para vingar a morte de seu pai. É um choque de mundos, um conflito de gerações. A chegada de Mattie Ross revoluciona o status quo na cidade. É a pequena quem dá as cartas, seja pressionando um velho negociante a pagá-la, seja comandando o velho homem da lei naquela que será a caçada de sua vida. Mas esta transformação não acontece apenas na história que está sendo contada.
O filme é um remake do longa-metragem dirigido por Henry Hathaway há mais de 40 anos, o trabalho que deu a John Wayne o Oscar de melhor ator. O fato de recriá-lo já mexe com as estruturas do gênero mais cinematográfico de todos, ainda mais quando quem assina a nova obra são os irmãos Joel e Ethan Coen, os moderninhos de Hollywood, aqueles que conseguiram levar para o sistema de produção os cacos e trejeitos do cinema independente norte-americano. Mas esse choque é atenuado pela proposta dos diretores: fazer tudo da maneira mais clássica possível.
No entanto, esse classicismo não esbarra em formalidades. Jeff Bridges assume o papel que foi de Wayne radicalizando o caubói alcóolatra de Coração Louco. Está muito melhor, inclusive por causa do trabalho absurdo de dicção, quase inintelível. Hailee Steinfeld é a melhor estreia de um ator em muito tempo: segura, sem maneirismos, uma “natural”. Barry Pepper surpreende num papel curto e explosivo. E Matt Damon, embora quase ninguém comente, está incrível com sua interpretação sutil. Ele faz o ponto de encontro entre o filme e a humor refinado filmografia dos Coen.
Além de ter um elenco bem melhor do que o do original à disposição, os irmãos utilizam impiedosamente seu arsenal de habilidades para compor um filme tecnicamente impecável. A fotografia, além de belíssima, é extremamente funcional em todas as cenas. Um suporte de luxo. A trilha sonora, usada com uma parcimônia invejável, de certa forma, embala a história. Mas o toque de mestre neste pequeno épico pessoal está exatamente no roteiro. Os diálogos são complexos, cheios de nuances, repletos de ironia e delicadeza. Justamente o que se ressente no cinema tradicional que muita gente, inclusive o Oscar, acha que merece premiar.
Bravura Indômita
[True Grit, Ethan Coen e Joel Coen, 2010]
filme comum , so foi indicado ao oscar , porque é dos imaos Cohen
Acho o desfecho bem bonito, imagens lindas, bem classudo.
Realmente, o elenco está impecável. Jeff Bridges está formidável. Deveria levar a estatueta, é claro, se tudo fosse justo. Porém, creio que Colin Firth leva, que também está maravilhoso, mas que deveria ter levado no ano passado. Gostei muito do filme, denso, profundo e ironicamente gostoso de se assitir. Só faria uma ressalva, o desfecho final poderia ser mais intenso. Um abraço.