[em cartaz]
[café da manhã em plutão ]
direção: neil jordan.
Breakfast On Pluto, 2005. O maior senão do cinema de Neil Jordan é seu timing. A velocidade da direção às vezes não acompanha a do roteiro. Esse desencontro ora prejudica, ora dá um certo charme a seus trabalhos. Café da Manhã em Plutão não tem o mesmo timing de seu protagonista, Cillian Murphy, melhor ainda do que como o Espantalho de Batman Begins (Christopher Nolan, 2005). Murphy tem uma interpretação explosiva num filme que, quando não é apático, é apenas correto. A melhor seqüência do longa – quando Murphy se vê na pele de uma agente secreta – é justamente a que se afasta do mundo retratado no roteiro e migra para um plano fantasioso, como o tom que o ator dá a sua personagem. O desacerto de tom se repete muito na obra de Jordan, mesmo em um de seus melhores filme, Nó na Garganta (1997), onde o excelente Eammon Owens devora quase tudo no longa. É muito melhor do que o conjunto – e o conjunto só é tão bom por causa dele.
No entanto – e esta afirmação serve para o novo filme ou para o estrelado por Owens -, há que se elogiar a interseção entre o escracho da personagem central e a melancolia do filme. No novo longa, o escracho desemboca numa série de liberdades estético-artísticas, como os passarinhos que apresentam a história e o clima farsesco no devaneio do protagonista. A melancolia surge em cenas solitárias, nos encontros, nos amigos, nos quase-amores. Cillian Murphy é seríssimo candidato ao Alfred de melhor ator: personagem afetada, ator sem um pingo de afetação.
Com Cillian Murphy, Stephen Rea, Liam Neeson, Ruth Negga, Brendan Gleeson, Gavin Friday, Laurence Quinlan, Ian Hart, Ruth McCabe, Steven Waddington.
quero tanto, tanto, taaanto ver esse filme. Cillian Murphy é a bola da vez e chamou minha atenção em Batman Begins. boa dica! seus texto continuam objetivos e muito bons.
bju
iris
Comentário certeiro. O filme tem muitos problemas, mas tem belos acertos. Mas me parece um típico filme Neil Jordan (de quem não sou fã): interessante sem ser grande coisa.
Chico,
Sem dúvida ótimo candidato. A atuação dele é precisa, sem cair no caricatural.
A cena que vc cita é excelente mesmo, mas acho a melhor cena a do encontro, entre Kitten e o padre na cabine de peep-show (numa interessante inversão da cena no confessionário no início do filme).
A bela fotografia de Kitten balançando e Jordan reunindo numa única cena, de maneira simples e direta, seus principais questionamentos de ordem religiosa, social e sexual, sem a necessidade de grandes discursos ou divagações.
Um filme com deficiências, sem dúvida nenhuma, mas ainda assim um belo filme.
WW, vi os dois filmes há muito tempo para falar sobre eles com certeza. Mas gostei de ambos.
Ele é estranho mesmo, Ailton, mas é um bom ator.
Esse Cillian Murphy tem uma aparência estranha.
Acho o timing do Jordan perfeito em “À Procura Do Destino” – que eu considero o melhor dele junto com “A Companhia Dos Lobos”. Se bem que os mais recentes eu não vi.