Cine Holliúdy

Não há como escrever sobre Cine Holliúdy sem, em algum momento, com essas ou outras palavras, dizer que o filme é uma declaração de amor ao cinema. O fato é que, com uma fórmula simples, com uma ingenuidade calculada ou não, Hálder Gomes fez uma homenagem maiúscula a quem faz e a quem ama filmes. E diferentemente de outros tantos “filmes cinéfilos”, este aqui não faz referência a diretores importantes ou filmes que ajudaram a construir a história da imagem em movimento. A celebração do longa é para o cinema popular, o filme de porrada, de artes marciais, o caubói, a comédia física, gêneros que a fina flor relega a um segundo plano, mas que foram a arma de resistência de grandes idealistas como o protagonista de Cine Holliúdy.

Porque o filme de Hálder Gomes não apenas cita filmes, mas reconstitui um movimento que entrou em decadência nos anos 70, o do cinema de bairro, dos pequenos estabelecimentos das cidades do interior, do cine mambembe e itinerante que, com saudosismo ou não, encerrou suas atividades com a chegada da televisão Brasil adentro. Hálder Gomes muito habilmente transporta a linguagem simples dos filmes que seu personagem principal projeta para seu próprio filme. Claro que ele ganha a sacada (e o suporte) da brincadeira com o cearensês como língua mãe, reforçado pela legendas em português, claro que recorre a uma fauna de personagens que estamos acostumados a ver tanto em esquetes de humor de programas de TV quanto em stand ups populares. Mas este pacote faz parte de um projeto – estético e de cinema – em que Gomes estiliza um humor tipicamente brasileiro, tipicamente nordestino.

Por isso mesmo, Cine Holliúdy me parece um filme extremamente pensado, planejado, o que tira um pouco da espontaneidade que se espera de uma obra com essas características. E talvez, por causa disso mesmo, ele seja ainda mais único dentro da cinematografia brasileira. Um filme que assume o que ele é, um pastiche, uma piada, uma brincadeira, mas que ainda assim consegue alcançar tanta gente, homenagear o cinema e a cinefilia, fazer referência a um modelo de mercado que o tempo engoliu e que nos transporta aos primórdios do cinema como experiência coletiva, onde o que estava em jogo não era a arte ou o comércio, mas a catarse.

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[Cine Holliúdy, Hálder Gomes, 2012]

Comentários

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9 comentários sobre “Cine Holliúdy”

  1. Achei totalmente sem graça, muito forçado, lembra em muito a praça e nossa, zorra total, se era pra fazer rir, não conseguiram!

  2. hahhahahaa!! Eu achei a mesma coisa!! No final do filme meu marido virou pra mim e disse: “Não é uma merda generalizada… é um besteirol bonitinho” e eu disse a ele: “Não é um besteirol. Tem uma moral da zorra ali… foi muito bem pensado e só vai afetar a quem realmente ama e se interessa por cinema, os outros não vão entender.”

  3. hahhahahaa!! Eu achei a mesma coisa!! No final do filme meu marido virou pra mim e disse: “Não é uma merda generalizada… é um besteirol bonitinho” e eu disse a ele: “Não é um besteirol. Tem uma moral da zorra ali… foi muito bem pensado e só vai afetar a quem realmente ama e se interessa por cinema, ou outros não vão entender.”

  4. Eu não tive a mesma experiencia que você. Pra mim o filme é uma bobagem, com interpretações ruins e chato, enfadonho. Parece um especial feito para televisão, com toda a “pobreza” que isso carrega. O que são os coadjuvantes? Dignos de um Zorra Total piorado. Falta fé cênica, principalmente aos protagonistas. As cenas das crianças… Deus, como foram mal dirigidas esses pequenos “atores”. E que raio de nome é Francisgleydisson?? Já começa aí a forçação de barra. Sofrivel!

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