Wolverine Imortal

A melhor notícia sobre Wolverine Imortal é que, diante da primeira aventura solo do x-man, esse novo longa não tinha como não ser melhor. Mas o filme vai além disso: James Mangold realmente consegue entregar um trabalho decente, que tenta reinventar o personagem enquanto lobo solitário, embora tenha tomado muitas liberdades em relação aos acontecimentos nas HQs. Os fãs de quadrinhos já devem estar vacinados para assimilar as transformações porque passam personagens e arcos de histórias nos cinemas e o novo longa do mutante canadense não poupa perfis, identidades e fatos da saga de Wolverine no Japão, em que o filme é baseado.

Mas quem deve mais sofrer com isso é o fã radical já que as novas amarrações do roteiro, assinado pelos ótimos Scott Frank e Christopher McQuarrie, são bastante sólidas e conseguem dar algum refresh no personagem, já desgastado em quatro filmes (cinco se contarmos com a ponta em X-Men: Primeira Classe). Mangold, que há alguns anos deu roupa nova a um western clássico em Os Indomáveis, também fez um trabalho correto aqui: se a história não é tão fiel às HQs, o espírito do personagem e a paleta de cores da série, mais sombria, se mantêm preservados, mesmo diante de uma vilã kitsch com Madame Hidra.

O filme, no entento, ainda é tímido no desenvolvimento do personagem. Ele aponta para o lado certo, mas fica na superfície boa parte do tempo. Mas ganha pontos por guardar espaço para cenas que homenageiam o cinema japonês, com ninjas, yakuzas e até robôs gigantes. Há várias sequências de luta, algumas deliciosas, onde os atores podem demonstrar como foram bem coreografados, com destaque para a Yukio, de Rila Fukushima, personagem completamente transfigurada pelo roteiro, o que diminuiu seu impacto, mas que encontrou uma reinterpretação interessante. A melhor cena de ação do longa, no entanto, é estrelada mesmo por Hugh Jackman no topo de um trem bala, cheia daquelas mentiras que todo mundo adora assistir.

Mangold não poupa Mariko Yoshida nem o Samurai de Prata em sua reinvenção da saga, mas ambas as mudanças oferecem novas perspectivas para os personagens e reforçam um olhar do diretor sobre o Japão. Wolverine Imortal não usa o país apenas como cenário, mas se aproveita da combinação única entre o novo e o antigo, o tecnológico e o tradicional, como ambiente para que os conflitos internos do personagem ganhem tradução. Funciona, mas sem mergulho. Com um pouco de boa vontade, dá até para perdoar o excesso de participações de Famke Janssen no filme. Jean Grey não é apenas um amor do qual Logan não consegue se livrar. Ela catalisa a mutação secundária pelo qual nosso herói precisa passar.

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[The Wolverine, James Mangold, 2013]

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