The Black Power Mixtape 1967-1975
[The Black Power Mixtape 1967-1975, Göran Hugo Olsson, 2011]
Este é um documentário suculento sobre o movimento negro nos EUA feito da maneira menos óbvia possível. O filme aproveita um fartíssimo material gravado entre 1967 e 1975 pela TV sueca e cria um painel amplo sobre a questão. Existem dois grandes trunfos: o próprio acervo já tem um tom analítico, imparcial, de quem via a situação de fora, o que dá um diferencial para o filme, que, em sua montagem final, adota uma raríssima verve politizada e engajada sem ranços, maniqueísmos e panfletagem.
A Onda Verde
[The Green Wave, Ali Samadi Ahadi, 2011]
Ali Samadi Ahadi consegue, em A Onda Verde, uma combinação difícil: equilibra documento, denúncia e sensibilidade com parcimônia. O filme reconstitui o levante popular que prometia e não conseguiu derrubar o presidente-ditador, Mahmoud Ahmadinejad, nas últimas eleições no Irã. O diretor trabalha com imagens feitas quase que artesanalmente com depoimentos de iranianos exilados e completa o material contando, em forma de animação, os episódios pelos que os personagens passaram e dos quais não existem registros. Poderia facilmente recorrer a maneirismos e simplificações – ou partir para a metralhadora – mas, sem nunca pegar leve nas acusações, o cineasta dá substância ao que vem de seu auto-falante. E o resultado é algo que Valsa com Bashir gostaria de ser.
Academia de Boxe
[Boxing Gym, Frederick Wiseman, 2010]
Aos 80 anos de idade e quase 50 de carreira, Frederick Wiseman sabe bem o que quer. O diretor, um dos maiores documentaristas norte-americanos, aqui deixa claro que, muitas vezes, o objeto de um cineasta fala por si mesmo sem precisar de estímulo extra. A câmera de Wiseman passeia quase invisível pelas cenas cotidianas de uma academia de boxe em Austin, no Texas, e compõe um mosaico completo e complexo do lugar através da observação dos personagens que circulam por ali. A ação ali se resume à presença da câmera. Todo o resto é espontâneo. Wiseman, inclusive, não raramente, transforma a própria academia num personagem em sequências onde não há diálogos, apenass uma sucessão de imagens e áudio ambiente. Cenas de uma musicalidade impressionante.
Pirei com o primeiro documenário. Preciso assistir! Tudo relacionado a anos 70 eu tenho uma queda absurda. E os outros, principalmente o terceiro, parecem ótimos.
Pena que esses festivais não exitam por aqui. 🙁
Forte abraço.