[a senhora das respostas]


Você, como homem condicional, deveria ouvir o que a Estamira tem para dizer. Ela veio revelar e não importa a quem. O diretor Marcos Prado entendeu muito bem a missão dela e a Estamira se transformou na protagonista de seu filme, uma protagonista encantadora. Como documentarista, Prado cometeu uma série de acertos no retrato de sua personagem. Revela, aos poucos, informações sobre ela. Informações muitas vezes surpreendentes que, de certa forma, provocam pequenas reviravoltas no entendimento que o espectador tem dela. Mas oferece essas reviravoltas da maneira mais tranqüila possível. As cenas fluem muito bem e duram mais ou menos, mas nunca terminam antes da hora ou são prolongadas: têm o tempo certo, numa montagem exemplar.

Mas o maior êxito do filme é sua personagem. Estamira é hipnotizante, mas Prado escapou decentemente de fazer um filme reverente. Ou, diante de seu histórico, também seria fácil partir para uma postura mais, digamos, independente, e ridicularizá-la, como Werner Herzog chega bem perto de fazer no final de O Homem-Urso. Estamira, o filme, é um retrato preciso e comovente de uma personagem, que seduz sem força ou imposição, e que, se assume um algo grandioso, esse grandioso está na própria Estamira, a mulher que veio para revelar ao homem a verdade sobre os trocadilos.

[estamira ]
direção, fotografia e roteiro: Marcos Prado.
elenco: Estamira e família.
montagem: Tuco. música: Décio Rocha. produção: Marcos Prado e José Padilha. site oficial:
Estamira. duração: 115 min. Estamira, Brasil, 2006.

nas picapes: [golden slumbers, the beatles]

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